sexta-feira, 30 de maio de 2008

ABAIXO ASSINADO PELA REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO

Caros e Caras Camaradas,

Dando prosseguimento à campanha da CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, pela Redução da Jornada de Trabalho está sendo disponibilizado um abaixo assinado virtual, vamos fazer um esforço para nosso município poder contribuir com esta campanha.

O internauta que está ansioso para assinar o abaixo-assinado das centrais sindicais pela redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, agora pode fazê-lo pela internet. O objetivo das centrais é arrecadar milhões de assinaturas em apoio ao projeto de lei, de autoria dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Paulo Paim (PT-RS), até o dia 3 de junho, possível data da entrega do abaixo-assinda e da realização de uma audiência pública em Brasília sobre o tema. Nesta quarta-feira (28) as centrais realizarão o Dia Nacional de Mobilização pela redução da jornada em todo país.

O endereço é reconhecido internacionalmente e as assinaturas, portanto, têm o mesmo valor da assinatura em papel. Lançado essa semana, o abaixo-assinado virtual já conta, neste momento, com 270 assinaturas.

A campanha se encerra no dia 28 de maio, quando as centrais promoverão, junto com as demais entidades que compõem o movimento sindical – sindicatos, federações e confederações – um dia de luta, cujo momento mais importante será a entrega das assinaturas no Congresso Nacional pela aprovação da PEC 393/01, que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.

A campanha está sendo promovida por seis centrais: CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), CUT, Força Sindical, NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trablahdores) e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).

Clique aqui e assine o abaixo-assinado.

Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Militantes do PCdoB devem reforçar luta pela saúde da mulher

Bandeira histórica das feministas do PCdoB, a garantia do bem-estar e o direito ao aborto estarão em pauta neste 28 de maio, dia Internacional da Saúde da Mulher e Nacional pela Redução da Mortalidade Materna. Ao lado de diversas entidades dos movimentos sociais, o partido, por meio da sua Secretaria da Mulher, convoca militantes comunistas e dos movimentos sociais para fortalecer essa luta.
“Sempre reivindicamos a atenção integral à saúde da mulher e defendemos a descriminalização e a legalização do aborto”, disse Liége Rocha, secretária de Mulheres do PCdoB. Por isso, enfatizou, “é importante que todos os comunistas e as comunistas participem das atividades que acontecem em diversas cidades brasileiras”.

Os atos terão também caráter solidário em relação às 10 mil indiciadas no Mato Grosso do Sul por terem feito aborto. “As mulheres não podem ser criminalizadas por interromperem uma gravidez indesejada”, disse Liége.

Segundo ela, no entanto, “o aborto não pode ser visto como método contraceptivo, mas como um direito que as mulheres devem ter assegurado para usarem em caso de necessidade”.

Contra-argumentando a idéia de que sua legalização aumentaria o número de casos, Liége esclarece: “nos países onde o recurso é legal, não houve crescimento no número de abortos e, ao mesmo tempo, não houve aumento no índice de mortes maternas”. Podem ser citados como exemplos Cuba, Estados Unidos, França e Inglaterra, entre outros.

Pela saúde das mulheresPara os comunistas, defender a descriminalização e a legalização do aborto significa também cuidar da saúde feminina. “É preciso compreender que esta é a quarta causa de morte materna no Brasil. A média é de 75 mortes para 100 mil nascimentos”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera altas as taxas acima de 20 por 100 mil. “Ou seja, quando defendemos que o SUS disponibilize este serviço, estamos também lutando para garantir a saúde da mulher e da criança”, salientou a comunista. Para ela, paralelamente a isso, é preciso haver orientação para o planejamento familiar e serviço disponível para acompanhamento de pré-natal e da saúde feminina como um todo.

Conforme documento da primeira Conferência Nacional do PCdoB sobre a Questão da Mulher – realizada em 2007 – e aprovado pelo Comitê Central, a luta pela saúde e pelos direitos reprodutivos da mulher faz parte de um processo mais amplo de inserção, valorização e emancipação feminina que, por sua vez, é passo fundamental para a construção do socialismo.

Por isso, o texto estabelece como plataforma a mobilização por “políticas públicas de saúde em todos os níveis, que se pautem pelos princípios da universalidade, integralidade e laicidade do Estado, dando relevância ao estabelecido da Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher”.

Defende, também, “políticas que garantam os direitos sexuais e reprodutivos, descriminalização e legalização do aborto, redução e prevenção da elevada ocorrência da morbimortalidade materna ainda existente no nosso país” e “políticas para controlar e reduzir a incidência do câncer de mama e de colo uterino, as DSTs/AIDS, assim como o cuidado com a saúde da mulher negra e indígena, nas suas particularidades, com o objetivo de mudar o cenário epidemiológico”.

Como forma de pôr em prática as posições dos comunistas, a Secretaria de Mulheres vai realizar em julho reunião com os membros do Fórum de Mulheres, os pré-candidatos do partido para as próximas eleições e os militantes e dirigentes que atuem em espaços institucionais. A meta é comprometer o coletivo para a necessidade de se implementar medidas práticas em defesa das mulheres.

Para isso, o Fórum elaborou recentemente uma plataforma que engloba propostas de ações que passam por áreas como saúde; enfrentamento da violência contra a mulher; trabalho e geração de renda; educação; habitação; esporte, cultura e lazer; e cidadania.

Conservadorismo na Câmara“Tivemos uma derrota histórica, uma vitória do preconceito, um desrespeito à vida”, disse, da Tribuna da Câmara a deputada pelo PCdoB-MG, Jô Moraes. A parlamentar se referia ao duro golpe aos direitos das brasileiras dado no começo deste mês quando a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara rejeitou o projeto de descriminalização do aborto, que tramitava na Casa há 17 anos.

O projeto vai passar pela apreciação da Comissão de Constituição e Justiça e um longo trabalho no campo da luta de idéias e da articulação política será necessário para assegurar nesta instância um resultado favorável à luta pelos direitos da mulher.

A batalha pela garantia desse direito continua nas ruas, no parlamento e nos movimentos sociais. O foco é desmistificar a questão e desconstruir posições conservadoras ligadas a setores religiosos que vêm dificultando a evolução do debate. “O aborto é uma questão de saúde pública, que interfere diretamente na vida das mulheres. Respeitamos os diversos credos, mas não podemos admitir que uma política de Estado esteja condicionada a preceitos religiosos. O Estado deve ser laico e as políticas públicas cada vez mais universais”. Por isso, reforça Liége, “precisamos do apoio de cada militante neste dia 28 e ao longo desse caminho que estamos trilhando pela construção de uma sociedade melhor para nossas mulheres”.

De São Paulo,Priscila Lobregatte

terça-feira, 27 de maio de 2008

"Reduzir a jornada é gerar mais empregos."

No dia 28 de maio os trabalhadores voltarão às ruas no "Dia Nacional de Lutas e Mobilizações pela Redução da Jornada de Trabalho e pela ratificação das Convenções 151 e 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)".
De norte a sul do país serão realizados atos públicos, passeatas e assembléias, numa grande mobilização para sensibilizar o Congresso Nacional a aprovar medidas de interesse dos trabalhadores. É preciso lutar para que o bom momento da economia se traduza na geração de empregos, de melhores salários e mais distribuição da renda, na garantia de direitos e ampliação das conquistas trabalhistas.
Com a redução da jornada de trabalho constitucional para 40 horas semanais sem redução dos salários, através da aprovação do Projeto de Emenda Constitucional nº 393/01, serão criados mais de 2 milhões de novos empregos além de possibilitar um tempo maior para os trabalhadores dedicarem-se às famílias, ao estudo, à qualificação profissional, ao descanso e ao lazer.
Também estaremos mobilizados para que o Congresso Nacional ratifique a Convenção 151 (direito de negociação coletiva dos funcionários públicos) importante passo para reconhecer os direitos dos funcionários públicos à data base e negociação coletiva para determinar salários e demais condições de trabalho e a Convenção 158 (contra a demissão imotivada) que visa estabelecer limites à demissão imotivada, raiz da prática da rotatividade da mão-de-obra amplamente difundida entre empresas para diminuir os salários e precarizar o emprego.
Participem!
Todos unidos pela redução da jornada de trabalho e pela ratifricação das convenções 151 e 158 da OIT!
CGTB, CTB, CUT, Força Sindical,. NCST e UGT"

Aqui em Cuiabá estaremos reunidos na praça da República, a partir das 13:30 horas.
Participem!

Nara Teixeira
Presidente da CTB-MT

sexta-feira, 23 de maio de 2008

REUNIÃO AMPLIADA - ELEIÇÕES 2008

Caros e Caras Camaradas,

As eleições municipais se avisinham e a Direção Municipal do PCdoB, está convocando todas e todos para contribuir na discussão.

Com esse intuito o PCdoB de Cuiabá convida todas e todos para participarem da reunião ampliada que ocorrerá no dia 25/ 05 (domingo) a partir das 14 h, no Instituto Caburé, com a pauta ELEIÇÕES 2008.

Todas e Todos tem o compromisso e a tarefa de participar da discussão e elaboração de nossas propostas para uma Cuiabá mais humana.

Saudações Militantes à todos e todas.

Para maiores informações pode ligar: 8425 3608/ 8406 2463 ou falar com João Negrão, Miranda, Nara, Lane, Prof. Motta.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

PCdoB-MT reúne Comissão Política

A Comissão Política do Comitê Estadual do PCdoB/MT, reunir-se-á nesse domingo 25.05, às 13 horas, na sede estadual, na Rua João Gomes Sobrinho, esquina com a Coronel Escolástico, bairro Bandeirantes (sobreloja do Alex Restaurante), tendo como pauta discutir e avaliar o projeto eleitoral do Partido para as eleições municipais de 2008.
Segundo o presidente estadual, Miranda Muniz, "nessas eleições definimos dois grandes projetos: a reeleição do prefeito Chaparral em Barra do Garças e a eleição da Professora Janete para a câmara de vereadores da capital. Além disso, devemos jogar pesado em outros pólos, inclusive com possibilidade de lançamento de candidaturas majoritárias em Várzea Grande, Tangará de Serra e Sinop."
O dirigente desta que em Barra do Garças o PCdoB tem procurado construir um amplo arco de alianças e que a administração municipal, após conseguir superar dificuldades inicais, vem conseguindo implementar importantes políticas públicas e sociais em benefício da população, em especial dos mais carentes.
Já na capital, conforme informou Aislan Galvão, membro da comissão política e presidente municipal do Partido, o PCdoB tem reiterado apoio à candidatura do defensor Valtenir Pereira (PSB) e vem trabalhando no sentido de garantir a indicação do cargo de vice-prefeito. Nesse sentido, o Partido já apresentou formalmente ao PSB diversos nomes que poderiam ocupar o cargo de vice, entre eles, o jovem e historiador Aislan Galvão, o cientista político e doutor Manoel Motta, a sindicalista e professora universitária Lane Costa, a presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e atual presidente do SINTRAE Professora Nara Teixeira, o jornalista João Negrão, o jurista Félix Marques e o presidente do Comitê Estadual e servidor público Miranda Muniz.
Nessa 5ª feira, as executivas municipais dos dois partidos estarão reunidas para apronfundar os debates em relação à coligação e definir o nome que será indicado a pré-candidato a vice-prefeito.
-- MIRANDA MUNIZPresidente Estadual do PCdoB/MT

terça-feira, 20 de maio de 2008

História da Luta Pelo Socialismo - III

O mundo sob o imperialismo
Na virada para o século 20, o mundo parecia relativamente tranqüilo (ver o artigo 6 desta série), mas era só aparência. Nas profundezas da base econômica, ocorriam transformações de grande vulto, destinadas a fazer a tranqüilidade saltar pelos ares. O capitalismo entrava em uma nova etapa, a do imperialismo.
Hoje, esta palavra ganhou uma carga ideológica tão forte que quem a profere é logo excomungado pelo "pensamento único" neoliberal. Há cem anos, porém, imperialismo era um termo de uso geral , inclusive pelos círculos oficiais imperialistas, e também por inúmeros estudiosos do fenômeno. Entre estes, merece destaque o dirigente marxista Vladimir Ilich - que usava o "nome de guerra" Lênin -, autor do livro O imperialismo, fase suprema do capitalismo (1916).
O capitalismo da época dos monopólios
Em resumo, Lênin encarava o imperialismo não como uma política, arquitetada pelos governantes das grandes potências, mas como uma realidade objetiva, fruto inevitável do próprio desenvolvimento capitalista. O capital, pelos mecanismos da concorrência no mercado, tende a se concentrar e centralizar. Já no fim do século 19 isso engendrara enormes conglomerados empresariais, com atuação global, na época chamados trustes, mais tarde multinacionais. Com uns poucos mega-grupos controlando os ramos-chave da produção, a livre concorrência dos velhos tempos cedia lugar a uma economia dos monopólios. O imperialismo - dizia Lênin - é o capitalismo da época dos monopólios. Os grandes grupos industriais foram também fundindo seus capitais com os dos grandes bancos, gerando o capital financeiro - uma poderosa oligarquia, verdadeira nata da burguesia.
Os monopólios atuavam no mundo todo, sem fronteiras. Além de exportarem produtos, passaram à exportação de capitais, inclusive na vasta periferia asiática, africana e latino-americana. O planeta foi repartido entre as mega-empresas. E, para garantir maiores privilégios, elas levaram os governantes de seus países a dominarem os países periféricos também politicamente. A forma típica de domínio era o colonialismo, em que as metrópoles governavam diretamente suas áreas de influência. Mas, já então, países formalmente independentes, como a China ou o Brasil, na prática caíam na "esfera de influência" de uma ou várias potências.
A guerra e as crises revolucionárias
Chegou um momento em que o mundo inteiro estava dividido entre as potências imperialistas - Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Japão e, com atraso, a Rússia. A expansão dos monopólios reclamava mais e mais domínios, porém não havia para onde se expandir a não ser avançando sobre áreas que já tinham "dono". Os conflitos decorrentes daí levaram à Grande Guerra (a I Guerra Mundial), que ceifou perto de 20 milhões de vidas entre 1914 e 1918.
O imperialismo e a guerra tiveram enorme impacto no movimento operário e socialista. Ao lado da contradição entre o capital e o trabalho, pelo menos duas outras entravam na ordem do dia: a que opõe os países dependentes às metrópoles; e a que opõe as potências e blocos imperialistas entre si. Era preciso enfrentar problemas completamente novos. A fase de desenvolvimento gradual e mais ou menos pacífico acabara. Com a guerra, crises revolucionárias instalaram-se em numerosos países. Os socialistas estavam chamados a, finalmente, realizarem o programa revolucionário do Manifesto comunista. Mas para isso deveriam primeiro superar sua própria crise interna, como veremos na próxima edição.
1914: a Grande Divisão
A Guerra de 1914-18 não foi surpresa. A II Internacional Socialista há muito debatia o tema, assumindo uma atitude internacionalista: os trabalhadores não deviam se matar uns aos outros em defesa dos interesses de "suas" burguesias, mas sim se opor à carnificina por todos os meios, sob o lema "guerra à guerra".
Porém, quando o conflito começou, aumentou brutalmente a pressão guerreira de cada bloco burguês sobre "seus" trabalhadores. E os partidos da II Internacional racharam de alto a baixo, em três tendências principais e incontáveis nuances.
A ala chauvinista, a de centro, a internacionalista
Em quase toda parte a maioria dos social-democratas aderiu à febre belicista: os alemães alegavam a necessidade de combater o absolutismo russo; os franceses, a urgência de libertar os povos oprimidos pelos impérios austríaco e otomano. Cada um tinha sua boa desculpa. A votação dos créditos especiais de guerra simbolizou essa atitude social-chauvinista (do francês chauvin, nacionalista reacionário, adepto do lema "Minha pátria, certa ou errada").
Uma facção de centro, minoritária mas com nomes famosos como Kautsky (ver o artigo 6), pregava a volta da paz, sem levar em conta as causas de fundo do conflito inter-imperialista. Tentava, em vão, colar os cacos da II Internacional.
Por fim, a ala esquerda manteve o internacionalismo. Propunha que os operários voltassem as armas contra "seus" burgueses, transformassem a guerra imperialista em guerra revolucionária. E denunciava sem piedade os social-chauvinistas e centristas.
Esta tendência era minoritária. Na Alemanha, a votação dos créditos de guerra só teve o voto contrário de um deputado, o jovem Karl Liebknecht - que em 1916 fundou com Rosa Luxemburgo a Liga Espártaco. Sua força era maior na Bulgária e especialmente na Rússia.
O papel do bolchevismo russo e de Lênin
A Rússia, um imenso império semi-asiático, atrasado mas em rápida industrialização, vivia sob a tirania dos tzares. Em 1905 passara por uma grande revolução operária e camponesa, projetando-se como referência internacional. O movimento operário e o partido marxista eram jovens, muito perseguidos, mas vigorosos. Havia também um ativo partido de base camponesa, o Social-Revolucionário.
A esquerda era forte na Rússia, tanto que fora apelidada de bolchevique (maioria). Tinha ligação de massas, imprensa atuante, tradição de luta em condições difíceis, a experiência de 1905 e uma direção muito firme, onde avultava a figura de Lênin.
A luta entre reformistas e revolucionários seguira ali um caminho próprio, mais nítido e precoce. O choque de idéias já era aberto em 1902, quando Lênin escreveu Que fazer?. Desde a Conferência de Praga (1910) os bolcheviques tinham sua organização própria , separada dos mencheviques (minoria).
Face à cisão do movimento, Lênin e os bolcheviques proclamaram as claras a "falência da Internacional" e a necessidade de se criar outra. Em relação à guerra, defendiam a luta pela derrota da "sua" burguesia.
Depois da histeria, o cansaço e a revolta
No início da guerra, os internacionalistas ficaram isolados. Uma ensurdecedora propaganda belicista embriagava as massas. Militantes bolcheviques linchados ao fazerem propaganda entre os soldados.
Esse clima foi mudando conforme o conflito se arrastava, com seu cortejo de mortes e mutilações, fome e barbárie. A histeria dos primeiros anos transformou-se em cansaço e a seguir em revolta. A esquerda começou a ganhar adeptos. Em 1917 passaria à ofensiva, tendo a Rússia como centro.
A Revolução de Outubro
Em fevereiro de 1917 uma revolução popular derrubou o Tzar. Sus forças motrizes foram os operários, camponeses e soldados (na maioria, camponeses fardados); as formas de luta, greve geral, protesto de massas, rebelião na tropa.
Nascem os soviets exemplo de democracia direta
A Rússia saiu da tirania tzarista para uma fervilhante liberdade. Os exilados retornaram. O governo passou aos cadetes (partido liberal-burguês, de oposição moderada) e em maio aos social-revolucionários e mencheviques.
Ao mesmo tempo, os trabalhadores criavam os soviets (conselhos). Nascidos na Revolução de 1905, eles eram uma organização revolucionária de massas, ágil, desburocratizada, uma típica democracia direta, onde o trabalhador não só elegia representantes, mas participava. Agiam como verdadeiro poder paralelo.
Os soviets exprimiam a revolta dos trabalhadores com uma revolução que não resolvera seus problemas. Em especial, exigiam o fim da guerra. Após novas derrotas no front, as enormes Jornadas de Julho mostraram que o ímpeto revolucionário russo estava longe do fim. O livro Dez dias que abalaram o mundo, do jornalista norte-americano John Reed, reporta o clima reinante.Da revolução democrática à revolução socialista
Após a Revolução de Fevereiro, os bolcheviques ainda eram minoritários. Até no Soviet de Petrogrado não chegavam a 20% dos votos. Essa correlação de forças se inverteu com uma rapidez que só a crise revolucionária permite.
Lênin voltou do exílio dando vivas ao socialismo. Defendeu, nas Teses de abril, que a revolução democrático-burguesa bem ou mal estava feita, era hora de passar à revolução socialista, sob o lema "Todo o poder aos soviets". Outro lema, "Paz, pão e terra", exprimia as tarefas imediatas da revolução. Em agosto, Leon Trotsky, recém-incorporado aos bolcheviques, foi eleito dirigente do Soviet de Petrogrado. A ala esquerda dos social-revolucionários aliou-se aos comunistas. Eram sinais de que os trabalhadores aprendiam com sua experiência.
Afora os soviets havia outro poder paralelo, da ultra-direita. O general tzarista Lavr Kornílov, chefe supremo do exército, rebelou-se em agosto visando restaurar o velho regime, fracassando devido à deserção de suas tropas. O episódio da "kornilovada" desmoralizou de vez o governo, que passara ao social-revolucionário de direita Alexandr Kerensky.
Estavam maduras as condições para transformar o lema "Todo o poder aos soviets", de palavra-de-ordem de agitação em palavra-de-ordem de ação, e em realidade.
No dia 7 de novembro (25 de outubro no antigo calendário russo), os marinheiros rebeldes do cruzador Aurora deram o sinal (uma salva de tiros). Houve resistência na tomada do Palácio de Inverno, sede do governo (descrita no belo filme Outubro, de Sergei Eisenstein), mas a insurreição triunfou nas maiores cidades com relativa facilidade, após poucos dias e uma centena de mortes. Seu primeiro decreto foi a reforma agrária entregando a terra aos que a trabalham. Em seguida, começaram as conversações de paz em separado com a Alemanha.
O verdadeiro enfrentamento veio depois: Kornílov e outros generais tzaristas reuniram os brancos (anti-bolcheviques, inclusive mencheviques e social-revolucionários) e tropas de 14 países na Guerra Civil. Mas trabalhadores e o novo Exército Vermelho, exaustos, e famintos, dessa vez tinham por que lutar. Após três anos de sacrifícios e heroísmo, a revolução antevista por Marx consolidava seu triunfo no mais vasto país da Terra.
A Ofensiva Nazifascista
A maré revolucionária de 1917 refluiu em 1923. O único estado socialista que vingou foi o soviético (afora a Mongólia). O capitalismo estava longe de se afiançar. Em 1929 mergulhou na Grande Depressão, que foi até emendar com a II Guerra Mundial (1939-45): falências em massa, colapso no comércio, desemprego nunca visto. No entanto, a crise não teve uma saída pela esquerda. Ao contrário, prevaleceu a resposta de ultra-direita, o fascismo.
Nos anos 20-30 os regimes fascistas se alastram
O fascismo é o nome da corrente de Benito Mussolini, que se impôs na Itália em 1922-44 (o nome vem do italiano fascio, feixe). Em sentido mais amplo, designa toda a onda de extrema direita que se alastrou na Europa nos anos 20-30 - de Portugal de Salazar à Polônia do marechal Pilduski (e influenciou o Estado Novo no Brasil). Outra designação, nazi-fascismo, indica também a principal variante fascista, o nazismo, que triunfou na Alemanha em 1933 com a ascensão de Adolf Hitler.
Na origem, o fascismo italiano e o nazismo alemão foram movimentos de massas, até com algum parentesco com as esquerdas. Mas logo assumiram uma postura ultra-conservadora, embora com bases em especial nas camadas médias empobrecidas pela crise e nos trabalhadores desempregados e desorganizados. Toda a ala direita das classes dominantes européias, assombrada pelo fantasma do comunismo, apostou no fascismo ou simplesmente aderiu a ele.
A ditadura mais terrorista do grande capital
Duas características definem o conteúdo do fascismo: o chauvinismo e o terrorismo.
O chauvinismo (de Chauvin, personificação, na França, do nacionalista fanático belicoso) explorava sentimentos nacionais, dando-lhes um sentido xenófobo e com freqüência racista. Exprimia os interesses das burguesias européias derrotadas na I Guerra Mundial - sobretudo a grande burguesia alemã.
O terrorismo se exprimia na pregação totalitária, antiparlamentar, anti-igualitária, antidemocrática. Não tolerava qualquer oposição e exigia cega obediência ao chefe (duce na Itália, fuhrer na Alemanha). Desde o início os nazifascistas declararam guerra ao comunismo, que consideravam seu pior inimigo. Incontáveis militantes foram encarcerados e assassinados. Na Alemanha, onde o Partido Comunista elegeu 100 deputados em 1932, Hitler logo que chegou ao governo montou uma farsa judicial para culpar o secretário-geral da III Internacional, o búlgaro George Dimitrof (1882-1949) pelo incêndio do Reichtag (parlamento). A farsa terminou em fiasco; Dimitrof, que fez sua própria defesa, foi libertado, mas a caça aos comunistas prosseguiu.
A política de frente da Internacional Comunista
O 7º Congresso da Internacional Comunista, (1935) traçou a linha geral para enfrentar essa ofensiva, sintetizada no informe de Dimitrof. A nova linha propunha a unidade antifascista. Preconizava a frente única (no seio da classe operária) e a frente popular (em plano mais) e o fim da fase de enfrentamento entre comunistas e social-democratas, que, ao cindir o movimento operário, facilitara a escalada fascista (caso da Alemanha).
Esta linha levou à vitória da esquerda na França, inspirou a heróica resistência da República Espanhola durante a Guerra Civil (vencida pelo fascista Franco) e repercutiu no Brasil, na formação da Aliança Nacional Libertadora. Orientou a Resistência nos países ocupados pelo Eixo durante a II Guerra. E inclui elementos que até hoje devem ser levados em conta - por exemplo na resistência à ofensiva neoliberal, que em vários aspectos se assemelha à ofensiva nazifascista.
A Guerra Antifascista
A ofensiva nazifascista assumiu, sobretudo após 1939, a forma de guerra de conquista - a II Guerra Mundial, maior conflito bélico da história. Após testar suas armas e tropas na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), as potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) trataram de impor uma redivisão do mundo sob sua hegemonia. A Alemanha hitlerista em poucos meses de blitzkrieg (guerra relâmpago) dominou grande parte da Europa. Em 1941, lançou o grosso de seus exércitos contra a União Soviética, violando o acordo de não-agressão de 1939.
O movimento operário, os social-democratas e principalmente os comunistas eram o alvo principal da fúria nazifascista. O dirigente comunista checo Júlio Fuchik deixou um eloqüente testemunho desta sanha - e da luta contra ela - no livro Testamento sob a forca. Em contrapartida, os operários conscientes estiveram entre os primeiros que se lançaram à Resistência. O combate aos nazistas e aos Quisling (nome de um fascista norueguês, sinônimo de colaboracionista) recorria a todas as formas: da participação nos sindicatos fascistas - para manter os vínculos com as massas - às ações clandestinas de propaganda, sabotagem e guerrilha. Na URSS a resistência ficou conhecida como Grande Guerra Patriótica - nome que indica uma flexão política, pois chamava à luta não só os partidários do socialismo, mas todos que desejassem enfrentar o invasor.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

PLENÁRIA: COLIGAÇÃO NA ELEIÇÃO 2008

Formação militante é participar também das plenárias e/ou atividades do partido.
Nesse ano as eleições municipais soam como uma perspectiva a mais para nós, hoje o partido conta com cinco pré-candidatos a vereador e vereadora sendo eles: professor e funcionário dos Correios Jefferson Prestes, Advogado Félix Marques, Professora Janete, Professor Biro, Advogado Ronei de Lima.
Temos uma perspectiva de pela primeira vez na história do partido de Cuiabá termos um ou uma parlamentar, para isso precisamos ter unidade de ação isso nos deixa forte. Com essa idéia a direção municipal de Cuiabá está chamando todas e todos militantes, filiados para participarem da PLENÁRIA MUNICIPAL com a Pauta: COLIGAÇÃO PARA ELEIÇÃO MUNICIPAL DE 2008, que será no DIA 25/05 (domingo) às 16h, na sede do partido, Rua João Gomes Sobrinho esquina com Coronel Escolástico em cima do Restaurante Alex, ao lado da Churrascaria Majestic.
Tarefa de todas e todos participarem, e se caso tiver algum contato com alguma ou algum militante do partido que não esteja mobilizado para essa atividade, por favor avisar.
Para tirar qualquer dúvida pode enviar correio eletrônico para: cnmarcorio@yahoo.com.br .

MILITANTES E FILIADOS DE CUIABÁ, UNIVOS!

sábado, 17 de maio de 2008

Mobilizar pelo fim do fator previdenciário

Por João Batista Lemos*
A aprovação do projeto de Lei 296/03, que põe fim ao fator previdenciário no Senado, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), contempla uma reivindicação importante do movimento sindical e pode ser considerada uma grande vitória da nossa classe trabalhadora. Tal vitória, porém, corre o risco de ser revertida na Câmara Federal ou, ainda, submetida ao veto presidencial, caso seja aprovada pelos deputados. O movimento sindical deve ficar em estado de alerta, mobilizar suas bases e pressionar os parlamentares e o governo para consolidar a vitória obtida no Senado.

O fator previdenciário é, na realidade, uma fórmula ardilosa inventada pelo governo FHC pare reduzir o valor das aposentadorias. Foi instituído através da Lei 9876, aprovada em novembro de 1999 com o voto contrário dos partidos de esquerda e de todos os parlamentares que se opuseram às políticas neoliberais dos tucanos. De acordo com o senador Paulo Paim, que é um político corajoso e um defensor intransigente dos interesses da classe trabalhadora, o fator já reduz em 40% o valor real das novas aposentadorias e subtraiu nada menos que 10 bilhões de reais dos trabalhadores desde que foi criado.
A depreciação das aposentadorias enfraquece a Previdência Pública e fortalece o processo de crescente privatização de sistema previdenciário. A CTB defende a Previdência Pública, rejeita a privatização e entende que a aposentadoria deve ser integral, de valor equivalente ao salário mais alto recebido pelo trabalhador e com reajustes iguais aos obtidos por quem está ativo, conforme já ocorre no setor público.
Concentração da renda
Uma análise mais atenta do orçamento público revela que o fator previdenciário funciona como um instrumento de redistribuição da renda nacional em detrimento do trabalho e em benefício do capital financeiro, uma vez que a economia de gastos governamentais tem por destino o superávit primário formado para pagar os juros da dívida interna. Seu principal efeito é diminuir a participação relativa do trabalho no PIB, consolidando uma tendência aprofundada pelo neoliberalismo, que contradiz o espírito da proposta apresentada às centrais sindicais pelo ministro Mangabeira Unger, da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, que realça a necessidade de elevar a participação dos salários e outros rendimentos auferidos pela classe trabalhadora no PIB.
Todavia, setores do governo, respaldados pela mídia capitalista, deflagraram uma forte ofensiva política para reverter na Câmara a decisão do Senado e manter o famigerado redutor das aposentadorias. Fala-se também na hipótese de veto presidencial se o projeto de Paulo Paim for ratificado pelos deputados. Recorre-se a falsos e surrados argumentos neoliberais em defesa de uma posição reacionária, que agride de maneira frontal os interesses dos trabalhadoras e trabalhadoras, sobretudo os de menor renda. Levanta-se o espectro do déficit da Previdência e da gastança do Estado.
Argumentos falsos
O próprio presidente Lula já alertou que a noção corrente de déficit previdenciário é falsa. Quando se consideram as fontes criadas pela Constituição de 1988 para financiar a seguridade social (Confins, CSLL e outras ameaçadas pela proposta de reforma tributária), a conclusão que se impõe é outra: as contas da Previdência são superavitárias e o saldo positivo chegou a 62 bilhões de reais em 2007, segundo cálculos apresentados pelo senador Paim, que também apontam uma renúncia fiscal de 50 bilhões de dólares relativa à contribuição previdenciária do patronato nos últimos 10 anos.
A idéia de que os gastos públicos no Brasil são excessivos, difundida pelos arautos do "Estado mínimo", também não corresponde à realidade dos fatos. A realização de superávits primários indica, por si só, que os governos gastam e investem menos do que arrecadam. O problema está no pagamento dos juros da dívida pública, que consomem mais de 160 bilhões de reais por ano, promovem o chamado déficit nominal do setor público e aumentam o estoque da dívida acumulada pelo Estado.
Que os ricos paguem
Se é imperativo reduzir despesas que se corte na conta financeira, acabando com a autonomia que, de fato, é hoje desfrutada pelo Banco Central, reduzindo os juros e os lucros extorsivos apropriados pela oligarquia financeira parasitária do erário. O ajuste das contas públicas deve ser pago pelos ricos, em especial pela oligarquia financeira. Não é aceitável que o custo seja novamente jogado sobre as costas largas da classe trabalhadora. O fator previdenciário é um instrumento que reforça a concentração de rendas, as desigualdades e as injustiças que já são gritantes, escandalosas.
Estudos divulgados recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelam que os 10% mais ricos concentram 74,5% da riqueza nacional. Além disto, de acordo com o presidente do Instituto, o valoroso economista Marcio Polchmann, os brasileiros pobres pagam 44% a mais em imposto, em proporção à sua renda, que os ricos. "Os dados mostram que o Brasil, a despeito das mudanças políticas, continua sem alteração nas desigualdades estruturais", observou Polchmann.
Luta de classes
Como pano de fundo dos argumentos prós e contras o fator previdenciário ocultam-se os interesses conflitantes das classes sociais. O fim do redutor das aposentadorias eleva a participação da renda da classe trabalhadora no PIB, mas parece comprometer as metas fiscais restritivas estabelecidas na política econômica para satisfazer a ganância da oligarquia financeira. Trata-se de uma luta entre capital e trabalho. É em nome da sacrossanta política macroeconômica de viés neoliberal que se quer manter o fator previdenciário.
Neste embate os representantes da classe trabalhadora não podem vacilar. É preciso cerrar fileiras em defesa dos interesses dos aposentados. O fórum das centrais deve colocar o tema no topo da sua agenda para os próximos dias, semanas ou meses até a votação na Câmara Federal e sanção presidencial; pressionar os parlamentares, incluir a exigência do fim do fator previdenciário entre as bandeiras do Dia Nacional de Lutas e Mobilizações (28 de Maio), além de promover outras manifestações unificadas para consolidar a vitória obtida em abril no Senado.

*Secretário adjunto de relações internacionais da CTB

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ipea: 10% dos mais ricos detêm 75% da riqueza

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) elaborou um levantamento que aponta as desigualdades no Brasil. Um dos dados mostra que os 10% mais ricos concentram 75,4% da riqueza do país.
Os dados serão apresentados pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, nesta quinta-feira ao CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) (http://www.cdes.gov.br/) . O objetivo, segundo ele, é oferecer elementos para a discussão da reforma tributária.

Para Pochmann, a injustiça do sistema tributário é uma das responsáveis pelas diferenças. "O dado mostra que o Brasil, a despeito das mudanças políticas, continua sem alterações nas desigualdades estruturais. O rico continua pagando pouco imposto", afirmou.
Ainda segundo a pesquisa a concentração é maior em três capitais brasileiras. A concentração é maior em São Paulo, onde 10% detém 73,4% de toda a riqueza. Esse número cai, em Salvador, para 67% e, no Rio, para 62,9%. Segundo Pochmann, um dos principais responsáveis pela distorção é o sistema tributário em vigor.

Na história brasileira, segundo Pochmann, pouco mudou desde o século 18, quando os 10% mais ricos concentravam 68% da riqueza, no Rio de Janeiro, capital do país. Este é o único dado disponível, no Instituto, anterior à atual pesquisa.
"Mesmo com as mudanças no regime político e no padrão de desenvolvimento, a riqueza permanece pessimamente distribuída entre os brasileiros. É um absurdo uma concentração assim", disse.

Na contramão do equilíbrio fiscal pretendido por qualquer nação civilizada, no Brasil os pobres chegam a pagar 44,5% a mais de impostos do que os ricos, conforme mostra a pesquisa a ser apresentada ao CDES. O economista sugere que os ricos tenham uma tributação exclusiva, para conter esse regime de desigualdade, por meio de uma reforma tributária que calcule a contribuição de cada brasileiro conforme sua classe social.

A pesquisa do Ipea também mostra o peso da carga tributária entre ricos e pobres, que chegam a pagar até 44,5% mais impostos. Para reduzir as desigualdades, o economista defende que os ricos tenham uma tributação exclusiva.

Pochmann afirmou que um dos caminhos é discutir uma reforma tributária que melhore a cobrança de impostos de acordo com a classe social. "Nenhum país conseguiu acabar com as desigualdades sociais sem uma reforma tributária", afirmou.

A pesquisa do Ipea também mostra um dado inédito. A carga tributária do país, excluindo as transferências de renda e pagamento de juros, cai a 12%, considerada por Pochmann insuficiente para que o Estado cumpra as suas funções.

terça-feira, 13 de maio de 2008

História da Luta Pelo Socialismo II

"O Capital é um Vampiro"
O capitalismo mudou em profundidade as relações entre as classes sociais.
Nos modos de produção anteriores, as classes trabalhadoras - escravos, servos feudais - eram sujeitadas através de meios não econômicos. E o mercado, embora existisse desde a Antigüidade, jogava um papel marginal: e produção, em geral, visava o consumo direto e não a comercialização.
No capitalismo, o mercado se agigantou até tornar-se a espinha dorsal de toda a economia. O mundo virou uma enorme feira livre global, onde tudo está à venda. À primeira vista, tanto o proletário como o burguês comparecem a esta feira em igualdade de condições: o primeiro é vendedor e o último comprador de determinada mercadoria - a força-de-trabalho. A contratação de um pelo outro é uma operação comercial como tantas outras. O burguês compra a força-de-trabalho de que precisa e paga o proletário com um salário.
Só o trabalho humano opera o "milagre da produção"
O valor da força-de-trabalho acompanha a lei do valor: como qualquer mercadoria, a força-de-trabalho vale o equivalente ao trabalho socialmente necessário para produzi-la, ou seja, no caso, para alimentar, vestir, abrigar e, numa palavra, manter vivo o assalariado e sua família. Se a força-de-trabalho é qualificada, o salário é maior, pois deve cobrir também os custos da qualificação do assalariado.
De posse da força-de-trabalho que comprou, o capitalista emprega-a no seu negócio - por exemplo uma indústria de tecidos. Ali já se encontram outras mercadorias, igualmente adquiridas na feira livre do mercado, o galpão da fábrica, os motores, os fusos, os teares, e a matéria-prima, algodão, lã, linho. Nosso proletário e seus colegas são postos para operar as máquinas, fiar, cardar, tecer, em uma palavra, produzir.
O trabalho humano opera aí o que poderia se chamar "o milagre da produção": ele cria valor. Sozinha, nenhuma das outras mercadorias que o burguês comprou teria esta capacidade. Mas o tecido fabricado pelas mãos e pelas mentes dos trabalhadores vale mais que a matéria-prima, mais o combustível, o desgaste das máquinas, etc., mais os salários.
Marx mostrou o mecanismo oculto da mais-valia
O valor assim criado forma o lucro do burguês, e a taxa de lucro é a relação entre ele e o capital investido. Porém a produção capitalista traz embutida uma outra relação, que Marx trouxe à luz em obras como Trabalho assalariado e capital, Salário, preço e lucro e principalmente O capital. Marx considerou a matéria-prima, o combustível, o desgaste das máquinas, etc. como capital constante, que, sozinho, não cria valor. E analisou o capital variável, agregado pelo trabalhador: uma parte é gasta no pagamento do salário; mas outra, embora criada pelo proletário, vai para o bolso do burguês, engordar seu capital. Esta segunda parte é a mais-valia; a taxa de mais-valia é a taxa da exploração do trabalho pelo capital.
Marx mostrou o mecanismo oculto dessa exploração. Explicou o porquê da acumulação crescente da riqueza, no pólo burguês, enquanto o pólo proletário só consegue o indispensável para sobreviver. "O capital - dizia - é trabalho morto, que, como um vampiro, só se anima sugando o trabalho vivo, e quanto mais ele suga mais alegre é sua vida".
Ao longo da segunda metade do século passado, essa análise foi convencendo parcelas crescentes do proletariado nos países onde o capitalismo se impunha. Quando Marx morreu, em 1883, milhões de trabalhadores já engrossavam os sindicatos e partidos operários de inspiração marxista.
Batismo de Fogo
A França em 1871 já vivia em grande medida em uma economia capitalista - embora a maioria da população vivesse no campo. Além disso, as transformações políticas burguesas tinham seguido ali um caminho radical e conturbado: a grande Revolução de 1792-1799, as Guerras Napoleônicas, a Revolução de 1830 e a de 1848 (ver o artigo 2 desta série). Em seu conteúdo básico esses movimentos tinham sido antifeudais, democrático-burgueses. Mas tinham também contado com maciça participação das classes trabalhadoras, inclusive o jovem proletariado francês, escolado como nenhum outro em insurreições e barricadas.
Apesar de tantas revoluções, o processo francês terminara truncado, desembocando no golpe de 1852 e no regime imperial "cesarista" (ditatorial) de Napoleão III. Em 1870 "Napoleão, o Pequeno" (apelido dado pelo escritor Victor Hugo) envolve-se numa desastrosa guerra com a recém-unificada Alemanha. Após a derrota estratégica de Sedan, o imperador cai, vem a República, mas a guerra continua e os alemães já estão às portas da capital. Os operários se armam, na Guarda Nacional, para defender Paris. Já o governo republicano de Thiers foge para Versalhes e assina um armistício com os alemães que é uma capitulação.
Uma semana de heroísmo até cair a última barricada
Uma tentativa de desarmar os operários precipita a insurreição. Em 15 de março de 1871 o Comitê Central da Guarda Nacional, em aberto desafio a Thiers, convoca a eleição do Conselho da Comuna, realizada dia 26. Os deputados eleitos ganham o mesmo que um operário comum e seus mandatos podem ser revogados a qualquer momento pelos eleitores. A influência marxista é minoritária no movimento, predominam os blanquistas.
O movimento começa a se estender às cidades de Marselha, Lyon, Toulouse e Saint-Étienne, mas a grande massa camponesa permanece apática. Já o governo de Versalhes, tão cordato no tratamento com o invasor alemão, trata os comuneiros a ferro e fogo. Thiers proclama, declara e repete que "a conciliação é impossível". O exército francês, com a ajuda das tropas alemãs que ainda ocupam os arredores de Paris, entra na cidade em 21 de maio. A resistência comuneira é heróica, mobilizando homens, mulheres, crianças. O combate desigual dura uma semana, até a queda das últimas barricadas nos bairros operários, dia 28. Desde o dia 24, começa o fuzilamento sumário dos revoltosos: o governo fala em 17 mil mortos, outras fontes em até 35 mil. Uma minoria (9.950 homens, 132 mulheres e 80 crianças) obtém o privilégio de comparecer aos conselhos de guerra, que decretam 270 condenações à morte e 7.523 à deportação.
Marx saúda a tentativa de "tomar o céu de assalto"
Termina assim, afogado em sangue, o primeiro e breve ensaio - apenas 74 dias - de um poder político dos trabalhadores. A burguesia européia - mesmo a mais liberal - aplaude a carnificina sem nenhum pudor. Já Marx e a Associação Internacional dos Trabalhadores (I Internacional) saúdam a ousadia dos comuneiros ao tentarem "tomar o céu de assalto". Marx estuda detidamente a experiência no livrete A guerra civil na França, aprendendo com ela, especialmente, a necessidade da revolução "quebrar" a máquina estatal do velho regime, construindo um novo aparelho de Estado, com um novo conteúdo de classe.
A Comuna serve de batismo de fogo para a luta do proletariado. A onda repressiva se espalha por outros países e termina obrigando a dissolução da Internacional. Mas o heroísmo e a dignidade dos derrotados, em contraste com a sanha assassina dos vitoriosos, contribuem fortemente para lançar luz sobre "a guerra civil mais ou menos subterrânea" (palavras do Manifesto comunista) que dilacera a sociedade moderna.
Acúmulo de Forças
A fase entre a Comuna de Paris (1871) e a I Guerra Mundial (1914) foi de desenvolvimento relativamente pacífico do capitalismo. Uma burguesia cada vez mais possante enriqueceu "pacificamente", às custas de um proletariado cada vez mais numeroso. As guerras e revoluções ficaram confinadas na periferia do sistema.
O movimento operário inventa os partidos
Para o movimento operário e socialista esta foi uma fase de acúmulo de forças. O crescimento numérico e a relativa prosperidade industrial permitiam-lhe avanços, na economia e na política.
Os sindicatos cresciam em tamanho e prestígio. Greves e manifestações popularizavam - e, às vezes, impunham - a causa dos direitos trabalhistas, tendo como carro-chefe a luta pela jornada de oito horas: ao nascer, em 1890, o 1º de Maio era uma espécie de dia de greve geral internacional pelas oito horas. A extensão do direito de voto (embora quase sempre só para os homens) abria brechas para a participação dos trabalhadores na política institucional. A I Internacional dos Trabalhadores, sob forte perseguição policial, fora dissolvida em 1876, mas em 1889 nascia a II Internacional. Na sua base estavam os partidos operários, de orientação ou ao menos sob influência marxista, em geral adotando o nome de social-democratas. O padrão dos partidos modernos, do século 20, nasceu sobretudo dessas experiências.
O Partido Operário Social-Democrata da Alemanha (SPD), fundado em 1869, era o mais importante: mais sólido teoricamente, mais enraizado nos trabalhadores, nos sindicatos e entidades populares, com organização mais estruturada, imprensa mais ativa e uma legião de eleitores em rápido crescimento. Em 1871 o SPD tinha pouco mais de 1% do eleitorado alemão; em 1877, 7%. Em 1878-1890, o governo perseguiu-o com a lei contra o socialista, manteve encarcerado por cinco anos seu líder, August Bebel, mas o tiro saiu pela culatra: os votos social-democratas subiram para 20% do total em 1890 e 35% (110 deputados) em 1912.
Na virada para o século 20, o clima entre os socialistas era otimista: os trabalhadores continuariam crescendo em número, avançando em seus direitos, elevando sua consciência e organização… até realizar mais ou menos tranqüilamente, pela própria lógica desse avanço, a proposta do Manifesto comunista.
Surge o revisionismo: "O movimento é tudo…"
O conflito entre revolucionários e revisionistas mostraria que as coisas não eram tão simples. Ele veio à tona em 1899, quando o dirigente do SPD Eduard Bernstein publicou o livro O socialismo teórico e o socialismo prático.
Sem romper às claras com o marxismo, Bernstein pregava a revisão (daí o termo revisionismo) da sua essência revolucionária: julgava que o capitalismo se capacitara a superar suas crises, que o socialismo era possível mas não inevitável, e seria fruto da acumulação gradual e pacífica de pequenas conquistas. Seu lema - "O movimento é tudo, o objetivo, nada" - sintetizava o conteúdo de todas as tendências reformistas no movimento operário.
Contra Bernstein ergueram-se numerosas vozes, desde o então prestigiado Karl Kautsky e a jovem Rosa Luxemburgo, no próprio SPD, até Lênin, na Rússia. Ao menos na teoria, o marxismo revolucionário venceu essa primeira batalha contra o revisionismo. A fase de desenvolvimento relativamente pacífico do capitalismo levara o movimento a certa acomodação. Quando a I Guerra inaugurou uma nova fase, de turbulência e crise revolucionária, o dilema entre o caminho da revolução e o do reformismo retornou com toda força, abrindo a primeira grande divisão do movimento.

domingo, 11 de maio de 2008

Frases que não esquecemos - Os Mártires de Chicago

" Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo; o pão é a liberdade; a liberdade é o pão."
Albert Parsons

" Cremos que se acercam os tempos em que os explorados reclamarão os seus direitos aos exploradores (...). A luta em nossa opinião é inevitável."
Michel Schwab

" Sempre supus que tinha o direito de expressar minhas idéias, como cidadão e como homem. Se isso é delito, sou então um delinqüente."
Oscar Neeb

" Eu creio que chegará um tempo em que sobre as ruínas da corrupção se levantará a esplêndida manhâ do mundo emancipado, livre de todas as maldades de todos os monstruosos anacronismos de nossas épocas e de vossas caducas instituições."
San Fielden

* Tela: "O despertar dos trabalhadores" ou "Trabalhadores, despertai!".
Obra de V. Serov

sexta-feira, 9 de maio de 2008

CARTEIRA DE MILITANTE – MAIS QUE UMA OBRIGAÇÃO


Implantada em 2006 após decisão do 11º Congresso do partido, realizado em outubro de 2005, a Carteira Nacional Militante (CNM) tem se mostrado uma importante ferramenta para a atuação dos comunistas e para a sustentação material da estrutura partidária. Em 2007, das 11.463 carteiras emitidas no Brasil, apenas 74 eram do Mato Grosso.

A meta, conforme decisão do Comitê Estadual, é que todos os militantes do partido no Mato Grosso adquiram a sua. "O PCdoB vive um momento favorável, está se abrindo para a sociedade. É esse o principal estímulo para a implementação da carteira", explicou Renato Rabelo na 9 reunião do Comitê Central.

Todo filiado ao PCdoB tem o direito de solicitar a sua carteira. Apenas com ela, os portadores poderão votar e serem votados, ou seja ela, será obrigatoriamente exigida, nos termos estatutários, dos delegados e delegadas para a plenária final das Convenções Eleitorais Municipais. Segundo Renato Rabelo "a carteira é peça chave do esforço de estruturação partidária, porque a ela se vinculam os direitos e deveres militantes, entre os quais o direito de votar e ser eleito e o compromisso de sustentação material do partido".

Faz-se necessário pôr em prática as normas eleitorais aprovadas pela mais recente reunião da Comissão Política Nacional, entre elas a exigência de que todos os pré-candidatos a prefeito, vice e vereador requisitem a CNM 2008, bem como todos os delegados eleitos para a plenária final das convenções eleitorais municipais.

Sinal de compromisso do coletivo com a organização e estruturação do partido, a Carteira Nacional Militante depende da participação de todos. Da parte dos comitês, as secretarias municipais de Organização terão papel fundamental, partirá dessas instâncias os pedidos de remessa das carteiras, ao custo unitário de R$ 15,00 (contribuição anual mais as despesas de confecção e envio). Aqueles que adquirirem a carteira receberá dois exemplares do jornal A Classe Operária.

O valor arrecadado com a emissão da CNM será partilhado entre os comitês municipais, estadual e nacional (sendo R$ 5,00 para o municipal, R$ 10,00 para o estadual e nacional).

De acordo com Renato, é importante compreender o fortalecimento da carteira como passo destacado para a renovação de concepções e práticas de partido, "mantendo fidelidade aos princípios essenciais ao lado de grande arrojo em dotar o partido de uma vida interna rica, participativa, democrática e compromissada". A CNM, disse, é um bom indicador desses compromissos. "Vamos ser todos e todas 'militantes de carteirinha'", finalizou.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Sexta Vermelha celebra trabalhador e novas filiações



O Dia do Trabalhador (1º de maio) e as novas filiações ao Partido Comunista do Brasil serão um dos motes da Sexta Vermelha deste mês. Organizada pelo camarada Brás Rubson, desta vez a confraternização entre os comunistas acontecerá no bar Toca do Bode, que fica na rua Esmeralda, no bairro Baú (confira mapa no convite ao lado), a partir das 19 horas.

Como sempre, muita música, poesia, bate-papo e o já tradicional varal de livros e documentos históricos do PC do B e do marxismo-leninismo. Você que tiver esse material em casa, leva lá para compartilhar com os camaradas e amigos.

O camarada Miranda Muniz, na entrevista ao vivo ao jornalista João Negrão, vai falar sobre o significado do Primeiro de Maio, o Dia Internacional do Trabalhador. Mártires de Chicago, além de outras acontecimentos importantes na luta operária, estão na pauta.

O camarada Pereira, histórico militante do movimento comunitário em Mato Grosso, é um dos novos filiados ao partido. Apesar de oficializar seu ingresso agora, Pereira tem uma longa história de amizade com o PC do B. As boas vindas ao camarada Pereira e outros recém ingressados será feita pela camarada Professora Janete.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

PCdoB reafirma apoio a Valtenir e indica vice

O Comitê Municipal do Partido Comunista do Brasil – PCdoB, juntamente com a Executiva do Comitê Estadual, reunidos nesta terça-feira, 6 de maio, decidiram reforçar as articulações visando o fortalecimento do Bloco de Esquerda na capital e, ao mesmo tempo, externaram posicionamento no sentido de garantir uma participação na chapa majoritária.
Segundo Aislan Galvão, presidente do comitê municipal, entende que a participação do PCdoB na chapa majoritária com a candidatura de vice-prefeito, reforça a unidade e espelha melhor a aliança entre PSB-PCdoB. "Somos um partido histórico, experiente politicamente, com grande influência no movimento popular e respeitado por todas as forças pela nossa coerência política e lealdade. Esta decisão política é uma convicção da direção partidária", afirmou Aislan.
Nesse sentido, a reunião apontou diversos nomes que poderiam ocupar o cargo de vice, entre eles, o jovem e historiador Aislan Galvão, o cientista político e doutor Manoel Motta, a sindicalista e professora universitária Lane Costa, a presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e atual presidente do SINTRAE Professora Nara Teixeira, o jornalista João Negrão, o jurista Félix Marques e o presidente do Comitê Estadual e servidor público Miranda Muniz.
No entanto, Aislan esclarece que o Partido estaria disposto a rediscutir a questão da vice, desde que seja para ampliar o arco de alianças com outros partidos e que estes tenham maior densidade eleitoral que o PCdoB.
Aislan Galvão também destacou que o PCdoB em Cuiabá é o único partido que já tem uma pré-definição em apoiar o defensor Valtenir Pereira, pré-candidato do PSB, "inclusive abrimos mão do lançamento da Professora Janete, para a disputa majoritária na capital no sentido de preservar a unidade do Bloco de Esquerda." Ele lembrou que a Professora Janete obteve quase 200 mil votos no Estado, sendo 48 mil só em Cuiabá, mesmo sem estrutura e enfrentando dois ex-governadores.
Para Miranda Muniz, presidente do Comitê Estadual do PCdoB, as conversações com os partidos que compõe o Bloco de Esquerda (PSB, PCdoB, PDT, PMN, PHS e PRB), e com todos os partidos que participam do Governo Lula, precisam ser intensificadas "pois agora começamos a entrar na fase de definições, em que o melhor combustível é o diálogo, seja visando alianças no primeiro turno, seja no segundo turno."

terça-feira, 6 de maio de 2008

Aconteceu em 7 de maio - Dia do julgamento de 35


Julgamento principal dos rebeldes de 1935. Prestes é condenado a 16 anos de prisão. Em vão o advogado Sobral Pinto invoca até a lei de Proteção dos Animais para protestar contra os maus-tratos dos réus.

CTB apóia luta do Sindicato dos Jornalistas

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), em seu encontro estadual, realizado no último dia 26 de abril, aprovou Moção de Apoio ao Sindicato dos Jornalistas do Estado de Mato Grosso (Sindjor-MT).
"A CTB entende que o Sindjor-MT é uma aguerrida trincheira de combate pela valorização dos jornalistas e pela construção de um Brasil mais justo e democrático", diz a moção da CTB, ao destacar a luta do Sindicato "por melhores salários e condições de trabalho, pela democratização dos meios de comunicação e pelo apoio do sindicato aos movimentos sociais".
Os jornalistas de Mato Grosso estão em plena campanha salarial. A categoria está há mais de dez anos sem reajuste salarial e sofrendo uma série de desrespeito por parte dos "barões" da imprensa do Estado, que insistem em não pagar um salário digno a seus trabalhadores.
Leia a íntegra da Moção de Apoio:
MOÇÃO DE APOIO À LUTA DO SINDICATO DOS JORNALISTAS
Os delegados e delegadas, presentes ao Encontro Estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), representantes de diversas categorias do Estado, aprovaram Moção de Apoio à luta do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) por melhores salários e condições de trabalho, pela democratização dos meios de comunicação e pelo apoio do sindicato aos movimentos sociais. A CTB entende que o Sindjor-MT é uma aguerrida trincheira de combate pela valorização dos jornalistas e pela construção de um Brasil mais justo e democrático.
Encontro Estadual da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Cuiabá (MT), 26 de abri de 2008

CTB repudia declarações de Gilmar Mendes


A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) aprovou, em seu encontro estadual, realizado no último sábado, Moção de Repúdio às declarações do ministro Gilmar Ferreira Mendes, as quais são consideradas reacionárias e intimidatórias. Durante sua posse na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o mato-grossense Mendes Ferreira, ao defender a propriedade privada, teceu críticas e criminalizou os movimentos sociais, em especial as ocupações do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e os estudantes.
"O ex-assessor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso", diz a moção, cobra "'firmeza' das autoridades na criminalização dos movimentos sociais, em especial aos militantes do MST que reivindicam reforma agrária e estudantes que exigiam fim da corrupção, democracia e transparência dos gastos públicos". E acrescenta: "Consideramos inaceitável que o presidente da mais alta Corte da Justiça em nosso país manifeste tais opiniões, numa clara intenção de reforçar o 'clamor midiático conservador' ávido pelo retorno dos tenebrosos tempos de violência e repressão aos movimentos populares organizados".
Leia abaixo a íntegra da Moção de Repúdio:
MOÇÃO DE REPÚDIO ÀS DECLARAÇÕES DO MINISTRO GILMAR MENDES
Os delegados e delegadas, representantes de diversas categorias de trabalhadores de nosso Estado, presentes no Iº Encontro da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras – Secção Mato Grosso, reunidos no dia 26 de abril de 2008, repudiam veementemente as declarações de cunho reacionário e intimidatório proferidas recentemente pelo Ministro Gilmar Ferreira Mendes, ex-assessor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cobrando "firmeza" das autoridades na criminalização dos movimentos sociais, em especial aos militantes do MST que reivindicam reforma agrária e estudantes que exigiam fim da corrupção, democracia e transparência dos gastos públicos.
Consideramos inaceitável que o presidente da mais alta Corte da Justiça em nosso país manifeste tais opiniões, numa clara intenção de reforçar o "clamor midiático conservador" ávido pelo retorno dos tenebrosos tempos de violência e repressão aos movimentos populares organizados.
Encontro Estadual da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Cuiabá (MT), 26 de abri de 2008
Mais informações: 92260704

Encontro funda a Central dos Trabalhadores do Brasil de Mato Grosso


Da Assessoria

O 1° Encontro Estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) de Mato Grosso, realizado no último sábado (26.04) fundou a entidade no Estado. O encontro reuniu dezenas de sindicalistas, representando sindicatos filiados à central em Cuiabá, Várzea Grande, Sinop e Barra do Garças. A dirigente nacional da CTB, Marilene Betros (APLB/BA), da central na Bahia, prestigiou o evento, proferindo palestra sobre a História do Sindicalismo Brasileiro e contribuindo nos encaminhamentos do evento.

Pela manhã o encontro discutiu as conjunturas nacional e estadual, fazendo um balanço da luta sindical no estado e no país. Questões nacionais, como a redução da jornada de trabalho, as reformas democráticas e a democratização dos meios de comunicação fizeram parte da pauta. No plano estadual, os vários problemas do campo despertaram o debate, em especial a violência, a escravidão branca, a questão ambiental e a carência de um projeto de desenvolvimento para o estado contemplando a sua diversidade e sustentabilidade.

À tarde os sindicalistas discutiram e aprovaram os estatutos, o plano de lutas e elegeram a diretoria da CTB mato-grossense. Nara Teixeira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Sintrae) foi eleita presidente da central no Estado.

Confira abaixo a diretoria completa:
Presidente – Nara Teixeira de Souza, brasileira
Vice – Presidente – Edvaldo Pereira da Silva
Secretário Geral – Miguel Rodrigues Netto
Secretaria de Finanças – Maria Regina Inácio
Secretaria de Comunicação – João Batista da Silva Negrão
Secretaria de Políticas sobre a Mulher – Jordete Corrêa de Moraes
Secretaria de Formação – Edson Antonio Ribeiro
Secretaria de Política Agrícola e Agrária – Valdemar
Secretaria para Assuntos do Servidor Público - Edson Ângelo Pepeu da Silva
Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer - Joacelmo Barbosa Borges
Secretaria de Políticas para a Juventude - Edílson Cardoso Sales.
Suplentes de Diretoria - Nilda; Ivone Pereira da Rocha; Brás Rubson Ferreira Barbosa.
Conselho Fiscal - Dorilene Maria das Dores; Magnivaldo Alves Ribeiro, e Jiordana Silva Ramos Nascimento.
Suplentes do Conselho Fiscal - Ana Cristina Cardoso Lopes, Jana Benedita Soares da Silva.

Ao final do encontro, os delegados e delegadas aprovaram duas moções. Uma de apoio ao Sindicato dos Jornalistas, em campanha salarial e enfrentando o descaso dos "barões" da imprensa local. E a outra em repúdio ao ministro Gilmar Mendes, por suas hostilidades contra os movimentos sociais.

História da Luta Pelo Socialismo I

Texto extraído de www.vermelho.org.br - texto completo em http://www.vermelho.org.br/pcdob/secretarias/formacao/historia_do_socialismo.asp


A História de uma Grande Luta
A Classe Operária passa a publicar uma série sobre a História da luta pelo socialismo. Cada edição enfocará um episódio, um tema, um aspecto, um capítulo desta gigantesca epopéia dos assalariados para libertarem a si próprios e a toda a humanidade.
O método de análise do marxismo é um grande método. Lênin dizia, já em 1919: "O mais seguro em ciências sociais, o mais necessário para adquirirmos realmente o hábito de abordar com acerto o problema, sem nos perdermos em um monte de miudezas ou na enorme quantidade de conceitos em luta, o mais importante para abordarmos a questão de um ponto de vista científico é não esquecermos a ligação histórica fundamental, considerarmos cada questão sob o ponto de vista de como surgiu aquele fenômeno histórico, quais as etapas principais que ele atravessou no seu desenvolvimento, até vermos em que ele se transformou na atualidade".
Como veremos, nossa luta renasce sempre
Poderíamos dizer que este método nos mostra "o filme" e não apenas "a fotografia". "A fotografia" é estática, parada, e neste sentido sempre enganosa. Já "o filme" é dinâmico, mostra as coisas no seu ininterrupto desenvolvimento, permite descobrir as suas tendências.
O tema que nos ocupará é uma grande história de uma grande luta, que abarca todo o planeta e não conhece um minuto de trégua. É a obra coletiva de incontáveis estômagos famintos, mãos hábeis, corações generosos, cérebros talentosos, criativos e ousados. O capitalismo, que enxerga o seu fim como se fosse o fim do mundo, emprega contra ela todos os seus recursos. Enfrentamos, em um combate desigual, o poder conjugado do dinheiro, dos meios de comunicação de massas, do aparato estatal, da repressão e quando preciso do terror. No entanto, como veremos, nossa luta renasce sempre, empurrada pelas contradições do próprio capitalismo.
Nossa série evitará ao máximo as aborrecidas listas de nomes e datas que são o pavor de todo estudante. Falará de grandes homens (e grandes mulheres!), mas sobretudo das multidões anônimas, das grandes massas, dos personagens coletivos que são os grandes heróis desta epopéia. Acompanhará os movimentos, greves, batalhas sociais e políticas, insurreições e guerras, sem esquecer a história das idéias, das polêmicas, das teorias e da luta teórica. Tratará dos avanços, êxitos e vitórias, mas também dos retrocessos, dos erros e derrotas, extraindo tanto de uns como de outros os ensinamentos que trouxeram.
Um convite a enfrentar a opressão cultural
Procuraremos usar uma linguagem acessível inclusive aos companheiros que dão seus primeiros passos na luta. Sabemos que a tarefa nem sempre é fácil. Uma das cargas mais sufocantes que pesam sobre nosso povo é a da opressão cultural. Durante séculos e séculos o trabalhador brasileiro foi proibido de estudar. O primeiro panfleto da nossa história surgiu há apenas 200 anos, na Conjuração Baiana, revolucionária, abolicionista e republicana. A primeira escola aberta a escravos surgiu há 160 anos, no quilombo maranhense do Itapicuru, durante a rebelião popular da Balaiada. A primeira edição brasileira do Manifesto do Partido Comunista só veio à luz em 1924, com 76 anos de atraso. Enfrentar e vencer essa opressão cultural é uma frente da luta de classes tão importante como a da luta econômico-social e a da luta política. E esperamos que esta breve História da luta pelo socialismo contribua neste sentido.
Uma tarefa desta ordem reclama mais que um esforço individual para ser cumprida a contento. E uma forma de auxiliá-la é enviar à Classe, ou à Comissão de Formação, todas as dúvidas, perguntas, críticas, opiniões e sugestões.
Dores do Parto de uma Classe
Estamos na Inglaterra do século 18: uma revolução tecnológica, econômica e social sacode a maior potência comercial da época. O camponês é expulso da terra. O artesão se arruina, vencido pela concorrência da indústria. Diversos progressos técnicos impulsionam a mudança: a máquina a vapor, a máquina de fiar algodão, o tear mecânico. Em 1785 nasce a primeira indústria, com a produção multiplicada pelas máquinas e pela socialização do trabalho (cada trabalhador realiza determinada tarefa). A inovação prova sua superioridade. Em 1837 o socialista Louis Blanc deu a este movimento o nome de Revolução Industrial.
Ocorre o divórcio entre propriedade e trabalho
Antes da Revolução Industrial, muitos trabalhadores ganhavam a vida por conta própria, com seus próprios meios: o camponês tinha sua terra, o tecelão, seu tear, o ferreiro, sua oficina. Trabalho e propriedade estavam casados, integrados na figura do pequeno trabalhador-proprietário.
A Revolução Industrial acaba com isso. Uma fábrica custa muito dinheiro, e exige muitos braços para funcionar. Ocorre então o divórcio entre a propriedade e o trabalho. A propriedade fica com a burguesia, a classe dos proprietários capitalista. O trabalho fica com o proletariado, a classe dos trabalhadores que ganham a vida vendendo aos capitalistas o único bem que lhes resta: a força dos seus braços e das suas mentes. O trabalho assalariado se instala sobretudo nas fábricas têxteis, minas, transporte marítimo e ferroviário; os operários desses ramos formam o núcleo inicial do proletariado.
A Revolução Industrial é um inferno para o ex-artesão ou camponês. Ele perde a independência, é o patrão quem decide o que produzir, como e quando. A jornada de trabalho atinge até 17 horas diárias, seis dias por semana. Só em 1810 uma lei inglesa a reduz, no caso das mulheres e crianças, para dez horas. Não há descanso remunerado, férias, aposentadoria, amparo em caso de doença ou acidente. Os lares operários lembram nossas favelas. A alimentação é a base de batatas, não raro só batatas. O jovem Engels descreve o quadro em A situação da classe operária na Inglaterra (1845): nas cidades industriais, metade das crianças morre antes dos cinco anos. Morre também o grêmio corporativo, multisecular forma de organização dos trabalhadores. A perplexidade e o desespero contagiam a classe recém-nascida. Miséria, mendicância, alcoolismo, prostituição, criminalidade e suicídios se alastram.
Mas a legião dos proletários continua a crescer, e não só na Inglaterra. Lenta e dolorosamente, eles constatam que não há caminho de volta. Pertencem a uma nova classe social. Precisam de novos caminhos para defenderem seus novos interesses de classe. Durante duas gerações debatem-se em busca desses caminhos. Atacam as máquinas, no movimento luddista ( de Ned ou King Ludd, nome do seu iniciador). Seitas religiosas e campanhas de reerguimento moral indicam que a salvação está na temperança e na abstinência. Muitos, desesperados, fazem do crime o seu protesto. Só em 1824 a lei libera a associação em sindicatos, e as greves tomam impulso. A partir daí, o sindicato e a greve se afirmam como armas indispensáveis à nova classe.
A greve e o sindicato, seu valor e seus limites
No entanto, estas armas, feitas para resistir à exploração burguesa, não conseguem acabar com ela. Logo fica clara a necessidade de outras. Ainda na Inglaterra, ganha força até a década de 1840 o cartismo - primeiro movimento político do proletariado, reivindicando o direito de voto, na época negado aos pobres. Na França, os tecelões de Lyon partem para a rebelião aberta em 1831 e 1834. Os operários da Boêmia e da Silésia seguem o mesmo rumo em 1844. A nova classe não se contenta em lutar apenas para ser menos explorada.
O Pensamento Socialista Pré-1848
Há muito séculos, pensadores avançados como Thomas Morus, autor de Utopia (1518), sonham com uma sociedade comunista e fraterna. Estas idéias ganham força com a Revolução Industrial na Inglaterra e sobretudo a Revolução Francesa de 1792. A saída socializante começa com a Conspiração dos Iguais, esmagada com a decapitação de seu líder, François Babeuf, em 1797.
Primeiras denúncias da ordem social burguesa
Henri de Saint-Simon (1760-1827) é um desses teóricos. Nascido conde, renuncia ao título. Aos 17 anos luta na Guerra de Independência dos EUA. Volta à França, denuncia em seus escritos as "classes parasitárias", e enaltece as "classes produtoras". Propõe a reconstrução da sociedade e o trabalho social, com base em um plano único.
Charles Fourier (1772-1837), filho de um comerciante francês, aponta com ironia os absurdos da economia de mercado. "Sob o capitalismo, o médico deseja que haja o maior número de doenças, o arquiteto sonha com incêndios que destruam a cidade...". Propõe comunidades de trabalhadores, os falanstérios, criados inclusive em Saí, Santa Catarina (1842) e na Colônia Cecília, Paraná (1891).
Robert Owen (1771-1858), de origem humilde, chega a possuir uma grande fábrica na Escócia . Ali, reduz a jornada de trabalho para 10,5 horas diárias, ergue casas, escolas para os operários, o primeiro jardim-de-infância e a primeira cooperativa. Em 1817 evolui da ação assistencial para a crítica frontal ao capitalismo. Funda, nos EUA, a colônia socialista de Nova Harmonia.
Saint Simon, Fourrier e Owen são considerados os expoentes do socialismo utópico (do grego utopia, que significa nenhum lugar). Ao lado deles, outros buscam a crítica e superação da ordem burguesa. Auguste Blanqui (1805-1881) escolhe a via revolucionária. Tenta várias vezes a tomada do poder na França; perseguido, passa metade da vida no cárcere. Ele e seus discípulos são a força majoritária na Comuna de Paris (1871). Porém o blanquismo confia a revolução não às massas trabalhadoras mas a pequenos grupos conspirativos. Já Pierre Proudhon, tipógrafo na juventude, denuncia o sistema burguês com audácia provocante em O que é a propriedade? ("A propriedade é um roubo"). Mas defende a pequena propriedade agrícola e artesanal, vendo nela o futuro da humanidade. Sua obra, depois de inspirar o anarquismo, tende à conciliação e ao conservadorismo.
Limites e impotência do socialismo utópico
As idéias dessa fase apontam os males do capitalismo, pregam sua superação. Imaginam às vezes em detalhe como será a sociedade futura. Neste sentido, tiveram valor no seu tempo. Mas não compreendem as leis, contradições e tendências da sociedade burguesa. Sobretudo, desconhecem o proletariado enquanto classe capaz de superar o capitalismo. Simpatizam com ele, mas apenas como classe sofredora. Na lugar da luta de classes, confiam no apelo à "razão humana". Saint Simon mistura industriais e operários como "classes produtoras". Fourier busca apoio dos ricos e poderosos, escreve a Napoleão, ao banqueiro Rotschild, publica anúncios nos jornais e espera anos por uma resposta que nunca chega. Os falanstérios de Fourrier, a Nova Harmonia de Owen e outras tentativas de criar miniaturas da nova sociedade também fracassaram.
Essas teorias já mostram seus limites e sua impotência quando em 1848, dois acontecimentos quase simultâneas apontam uma alternativa. De um lado, surge o Manifesto do Partido Comunista, tema do próximo artigo. De outro, explode na França e em toda a Europa o ciclo de revoluções batizado Primavera dos Povos. Dentro dele, nas barricadas de Paris em junho, o proletariado mundial vive seu batismo de fogo como classe independente. Para Marx, elas "foram a primeira grande batalha entre as duas classes que formam a sociedade moderna".
"Proletários, Uni-vos!"
Em fevereiro de 1848, poucos dias antes da onda revolucionária da Primavera dos Povos, saiu do prelo em Londres uma pequena brochura em alemão, com vários erros tipográficos e tiragem de apenas mil exemplares. O texto fora encomendado pela Liga dos Comunistas - um círculo clandestino formado por meio milhar de artesãos e operários, na maioria alemães. Os autores, cujo nome não aparecia na edição original, eram dois jovens intelectuais alemães - Karl Marx, 29 anos de idade, e Friedrich Engels, 27 anos. Era o Manifesto do Partido Comunista.
O sucesso do Manifesto em um primeiro momento foi tão modesto como sua tiragem, mas cresceu irresistivelmente com o correr dos anos. As traduções e edições se sucederam - em 1869 para o russo, e bem mais tarde, em 1923, para os trabalhadores brasileiros, por iniciativa do recém-fundado Partido Comunista do Brasil. Na Europa e no mundo, os setores mais avançados do proletariado e muitos intelectuais progressistas tomavam consciência de que ali estava um grande livro, um dos maiores se não o maior que a humanidade já produzira.
A luta pelo socialismo transforma-se em ciência
O Manifesto foi a pedra fundamental de todo um vasto edifício teórico que ficou conhecido pelo nome de marxismo (contra a vontade de Marx, que preferia o termo socialismo científico). Com ele, a luta dos trabalhadores pelo socialismo elevou-se ao patamar de uma ciência - tendo como ponto de partida o pensamento mais avançado de sua época, a filosofia alemã, a economia política inglesa, o socialismo francês.
Dos filósofos alemães, em especial G. W. Friedrich Hegel, o marxismo tomou a dialética - a concepção que analisa as coisas em seu incessante desenvolvimento, a partir de suas contradições internas. No entanto, pôs a dialética hegeliana "de cabeça para cima", libertando-a de seu vício de origem idealista, para construir assim sua visão do mundo, o materialismo dialético, e da evolução social, o materialismo histórico.
Em economia, o marxismo partiu do pensamento de estudiosos como Adam Smith e David Ricardo, expoentes da escola clássica. Essa escola, surgida na Inglaterra, berço do capitalismo, estava impregnada de uma concepção burguesa mas chegara a conclusões verdadeiras e importantes, como a teoria do valor. Com base nela, e a partir de outra ótica de classe, Marx e Engels desenvolveram a teoria da mais-valia, desvendando o mecanismo da exploração do trabalho pelo capital.
O socialismo pré-1848 florescera sobretudo na França, onde era maior a experiência revolucionária das massas do povo pobre. O marxismo desenvolveu-o, desvencilhou-o das ilusões utópicas, dotou-o de uma base de classe bem definida, de um programa claro e revolucionário.
A teoria e a prática da revolução proletária
O corpo teórico do marxismo, porém, não parou aí. Desde antes mesmo do Manifesto, Marx e Engels haviam proclamado que "os filósofos até hoje se contentaram em explicar o mundo, mas trata-se agora de transformá-lo".
A jovem ciência da revolução proletária nasceu, portanto, em íntima relação com a prática de sua classe. Acompanhava passo a passo a experiência, a vida e a luta dos trabalhadores, extraindo daí ensinamentos sempre renovados para aperfeiçoar-se - e sempre que necessário corrigir-se. Era um guia para a ação, um método que consistia essencialmente na análise concreta da situação concreta. Daí seu caráter vivo e dinâmico, em permanente desenvolvimento.