sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Redução da jornada de trabalho
Centrais sindicais farão grande ato na praça


As centrais sindicais com sede em Mato Grosso farão um grande ato em apoio à campanha nacional pela redução da jornada de trabalho. O ato, que marcará o lançamento da campanha no Estado, será no dia 14 de março, às 10h30, na praça Alencastro, no Centro da Capital.

Em todo o Brasil, o movimento sindical pede a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 393/01), de autoria dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Paulo Paim (PT-RS), reduz o tempo de trabalho de 44 para 40 horas semanais, num primeiro momento, e para 35 horas posteriormente.

Reunidos nesta quarta-feira (20), líderes da Nova Central Sindical, da Força Sindical, da União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e da CUT definiram as atividades que acontecerão neste dia, que começará com ato público e se estenderá durante todo o dia, com panfletagem e conscientização da população sobre a proposta de redução da jornada dos trabalhadores.

A redução é uma "necessidade histórica", segundo os sindicatos, pois, com o avanço da tecnologia e os novos métodos de organização do trabalho, há um aumento na produtividade. Diante disso, o trabalho necessário para se produzir as mercadorias diminui. "A conseqüência lógica seria a redução da jornada de trabalho que, além de gerar mais empregos, ainda vai proporcionar mais tempo para o trabalhador investir nos estudos, por exemplo", comentou a coordenadora estadual da CTB, Nara Teixeira, que é presidente do SINTRAE-MT.
Campanha
A campanha pela aprovação da PEC foi lançada nacionalmente no dia 11 de fevereiro, em São Paulo, com a participação das centrais sindicais, sindicatos e outros representantes de movimentos sociais. Na ocasião, foi lançado o abaixo-assinado que será encaminhado ao Congresso Nacional pleiteando caráter de urgência para a tramitação da PEC 393. O objetivo é coletar mais de um milhão de assinaturas até o 1º de Maio, que neste ano terá na redução da jornada a sua principal bandeira.
-- Nara TeixeiraCoordenadora Estadual - CTB/MT

Um breve debate sobre Cuba


Olha, não sou de puxar debate em torno do que a grande imprensa fica apregoando. Apesar de discordar, pelas nossas razões, frontalmente da opinião vendida de forma muito bem articulada. Simplesmente acho que nós temos que fazer frente organizando nosso campo, e isso não tem nada a ver com fugir do debate. Tá mais para as táticas do bom futebol, a gente tem que saber em que bola devemos dividir e quem escalar para fazer esse jogo. Mas, confesso, não resisti quando li o artigo do editor de Economia da FolhaOnLine. Frente ao que ele falou sobre Cuba, não dá pra ficar calado!

Então, respondi com educação e travamos um brevíssimo debate que lhe transmito em anexo.

Brás Rubson


20/02/2008 – FolhaOnLine


Cuba é irrelevante

* Sérgio Malbergier


A melhor notícia do afastamento de Fidel Castro, depois do fato em si, é o quão irrelevante Cuba se tornou para o resto do mundo. O ditador é um retrato gasto de um tempo que passou, um "último mito vivo", na definição do presidente-admirador Lula.


O destino de Cuba definirá somente o destino de Cuba. Ninguém mais é ou quer ser comunista, seja lá o que isso signifique. O farol cubano apagou por falta de combustível desde que o Muro de Berlim foi demolido e os soviéticos, à beira da extinção, cortaram sua bilionária ajuda anual à ilha. Moscou percebeu instantaneamente, no início dos anos 1990, que Cuba perdera importância no mundo pós-Guerra Fria, não valia mais um rublo.


Cuba tem apenas 110 mil quilômetros quadrados e 11 milhões de habitantes, uma São Paulo capital em população, mas que, com seu PIBinho de cerca de US$ 40 bilhões, produz menos da metade das riquezas geradas pelos paulistanos.


E hoje o que realmente importa no grande jogo das nações é o tamanho do mercado e sua capacidade de produção. Cuba consome pouco e produz níquel e açúcar, o que não é muito mas, para sua sorte, têm cotações elevadas porque o resto do mundo (capitalista) consome como nunca.


O maior produto de exportação cubano costumava ser seu território para uso dos militares e espiões da URSS e seu modelo de país, suas idéias "revolucionárias", seu Exército combativo, serviços pelos quais os dirigentes cubanos eram regiamente pagos pelos camaradas soviéticos.
Mas esse produto revolucionário não tem mais valor. Ninguém quer ditadura política, escassez de produtos, restrições ao ir e vir, limites à atividade econômica, partido único, apagões constantes. Não! Mesmo que o sistema de saúde e educação sejam piores em outros lugares, as pessoas preferem a liberdade, como provam artistas e esportistas cubanos que preferem ficar no Brasil a voltar ao socialismo castrista.


A ilha dos Castro é tão anacrônica quanto seus carros e eletrodomésticos, congelados na época do embargo americano do início da década de 1960. A relevância que ela tem na política americana deve-se apenas à massa cubano-americana da Flórida e de Nova Jersey, importantes grupos eleitorais que impuseram um embargo contraproducente à ilha.


Mas mesmo essa rigidez amolece diante de novas oportunidades econômicas. Grandes fazendeiros americanos, logo eles, estão na linha de frente da luta contra o embargo comercial porque querem aproveitar a necessidade básica de Cuba de importar alimentos, um mercado a menos de 200 km da Flórida.


Essa proximidade com os EUA, maior potência global, que poderia ser uma benção econômica, permanece uma maldição pela obstinação do regime de Fidel em manter seus privilégios e pelo estúpido embargo, usado como justificativa falsa para a manutenção do injustificável regime.
Mas a América Latina sendo a América Latina, Fidel, mesmo sendo o ditador mais longevo do planeta (49 anos), ainda arrebata admiradores por aqui. Quase todos já velhos, como nosso presidente, forjados nos anos de chumbo da Guerra Fria, quando a estupidez da ditadura militar tornava Fidel um herói por comparação. Para esses antigos, a saída de Fidel é um marco de primeira grandeza histórica. Para as massas jovens, cada vez mais distantes da política tradicional, Fidel é nada.


Leitores de esquerda serão rápidos em argumentar que Fidel serve ainda de modelo e inspiração ao petrocaudilho venezuelano, Hugo Chávez, que substituiu os soviéticos como benemérito da ilha, e seu fiel escudeiro boliviano, Evo Morales. Mas Chávez e Morales não estão no poder porque suas populações anseiam por reproduzir o modelo cubano. Não, os dois neopopulistas são frutos de condições específicas de seus países.


Agora fecha-se a cortina para Fidel Castro, que deve morrer em breve ou não estaria saindo definitivamente de cena, tal a natureza das ditaduras dinásticas. Para sobreviver, seu irmão Raúl fala em reformas, mas está ameaçado porque, após décadas de ditadura comunista, os cubanos querem mudança.


O Brasil age certo ao se colocar como interlocutor de primeira hora e grandeza do regime castrista. Está bem posicionado para intermediar uma provável reaproximação com Washington com a saída de Bush e uma eventual posse democrata na Casa Branca.


Mas Lula deve também pressionar fortemente Raúl para abrir o regime, para o bem dos cubanos e do hemisfério americano. Se o petista se intimidava diante do "mito vivo" de Sierra Maestra, deve pressionar seu irmão menor a abrir o regime.


Abaixo a ditadura.


* Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.
E-mail: smalberg@uol.com.br


Resposta do Brás:


Caro Sérgio Malbergier,

Enquanto lia sua opinião sobre Cuba e Fidel lembrava das manifestações da esquerda contra o ditador Pinochet, do Chile. Em que elas se diferem? Em nada, segue o tom raivoso, como quem diz: "me dê a oportunidade, que eu mesmo vou lá e expurgo esse sujeito!".


Só que, apesar de tidos como ditaduras, elas guardam suas diferenças, e isso é o que complica a análise política. E é por isso que a política não é uma atividade simples. Vejo os seus argumentos: Cuba é insignificante econômica, territorialmente, etc...


Há que se observar o quanto o bloqueio econômico imposto à ilha tem prejudicado o seu desenvolvimento. É fato que cubanos deixam o país. Mas também é fato que estudantes de várias partes do mundo vão para ilha estudar medicina e até cinema.


Apesar de não ser fantasma, sou comunista, jovem, 41 anos, e acredito na busca de um mundo mais justo em alternativa a mazelas sociais perpetuadas pelo capitalismo. Penso mesmo que a história tem mostrando que a construção do socialismo não é incompatível com a relação articulada com as economias capitalista do resto do mundo. E isso é o que a gigante China faz hoje com grande habilidade. Lá não renunciaram ao comunismo, pelo contrário, reafirmam a cada ano. Hoje é o país com a maior taxa de crescimento no mundo. E não adianta dizer que aquilo não é comunismo. Afinal, Marx não deixou modelo rígido para a construção do socialismo. O que conta mesmo é a convicção pela mudança.


Meu caro, o direito de ir e vir, tão cantado e decantado no capitalismo, acaba quando falta o dinheiro para a passagem que, dependendo da distância, só poucos podem ir. Não acho que a maioria cubana seja contra o governo em curso. Não é o que mostram as comemorações a cada ano das conquistas da revolução. E não vou relatar aqui os avanços na educação e na saúde e a recuperação da economia cubana. Reconheço que há problemas econômicos, mas onde não há? Nos EUA?


De qualquer forma, prefiro deixar que o povo cubano escolha o seu caminho, mesmo que seja reafirmando o que já escolheu. Perigoso é você achar que sabe o que o povo cubano quer, e o que a juventude brasileira pensa. Talvez, opiniões como a sua acabam reforçando a desinformação política que permeia parte das cabeças dos brasileiros.


Brás Rubson, Cuiabá, MT

Replica do Sérgio:


Caro Brás,

Grato pela mensagem. O povo cubano até agora não teve a oportunidade de escolher seu caminho. Tomara que tenha. E a China cresce com mais capitalismo, não menos.
Saudações, Sérgio


Tréplica do Brás:


Sérgio, desculpe a insistência.

Mas só pra fechar a minha opinião:


O povo cubano é lutador, escolheu seguir Fidel quando este desceu a Sierra Maestra e o convocou pra revolução. Acredito que este povo hoje tem mais coragem ainda. Quanto à China, ela percebeu que a correlação de forças no mundo hoje é desfavorável para o socialismo. Então, o que fez? Estabeleceu relações com o mundo capitalista. E essa é a mesma relação que Cuba quer ter o os EUA insistem em não deixar. Dizem: basta Cuba mudar seu regime que será aceita comercialmente. Por que não fazem o mesmo com a China? Será por que a China é mais capitalista? não é nada disso, não fazem porque o poder comercial da China é uma realidade. Infelizmente Cuba não é uma grande China, porque se fosse ninguém estaria a desmerecendo, o socialismo estaria sendo construído tranquilamente.


Agora, por estas e outras é que os pensadores socialistas hoje admitem que a transição para o socialismo é mais lenta, não se dará por passe de mágica, mas, repito, ainda vive a convicção.
De qualquer forma, sou leitor do FolhaOnLine, respeito a sua opinião e desejo sucesso em seu trabalho.


Brás


Resposta do Sérgio:

Caro Brás,

Grato pela mensagem. Fico feliz quando o debate se dá nas idéias, porque recebi várias mensagens de pessoas que pensam como você (e ainda bem que há pensamentos divergentes), mas que preferem insultar a debater.
Abs, Sérgio