4 DE ABRIL DE 2008 - 10h25
A defesa de Cidades Mais Humanas e das Reformas Democráticas foi a marca do Programa do PCdoB no rádio e na TV que foi ao ar em cadeia nacional nesta quinta-feira, 03 de abril. Durante o programa, foi divulgado um telefone gratuito para as pessoas entrarem em contato com o PCdoB de qualquer lugar do Brasil: 0800-7726510.
O objetivo principal do PCdoB com a veiculação do programa político – uma conquista do movimento democrático em nosso país – é reiterar os compromissos dos comunistas com o aprofundamento das mudanças em curso no Brasil, implementadas a partir das vitórias das forças progressistas em 2002. Ao mesmo tempo, procura-se demonstrar que ainda há muito que fazer para reverter a situação estrutural de injustiça social, marca maior de nossa realidade histórica.
No mês em que se comemoram os 50 anos do surgimento do movimento da Bossa Nova, o compositor Carlos Lyra homenageou abriu o programa com a música “Samba, amor e socialismo”, num canto de esperança de que é possível construir um mundo melhor.
A apresentação do programa ficou a cargo da deputada federal do PCdoB pelo Rio Grande do Sul, Manuela D'Ávila, que com sua experiência jornalística e parlamentar deu uma cara jovem e moderna aos dez minutos do vídeo em cadeia nacional.
Várias lideranças destacadas do PCdoB apresentaram para a população brasileira o pensamento e as linhas de ação partidárias para enfrentar os problemas que afligem as grandes cidades do Brasil, especialmente as capitais. Ao lado disso, o programa revelou a atividade do PCdoB em cargos executivos, especialmente em Aracaju e Olinda, cidade patrimônio da Humanidade, onde o partido vem se mostrando cada vez mais qualificado e experiente para governar os municípios brasileiros.
Por cidades mais humanas
O deputado federal por São Paulo, Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara dos Deputados, o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, a deputada federal por Minas Gerais e líder da bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jô Moraes, a atual secretária municipal de Ciência e Tecnologia de Niterói, Jandira Feghali e a vereadora do PCdoB de Salvador, Olívia Santana, aparecem no programa. Todos defenderam maiores investimentos em moradia, transporte, educação, saúde e saneamento básico, para melhorar a qualidade de vida nos centros urbanos, tornando nossas cidades mais humanas.
O deputado federal do PCdoB do Maranhão, Flávio Dino, trata das prioridades do partido em relação à reforma urbana e qual tem sido o papel do governo Lula no investimento de mais de 150 milhões de reais na área de infra-estrutura dos municípios.
Reformas democratizantes
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, reiterou que essas mudanças somente se consolidarão caso tenhamos um processo real de reformas democratizantes, em particular as reformas urbana e tributária. Rabelo defendeu o movimento pelas seis reformas democráticas no país (Reforma Urbana, Tributária, Agrária, Política, da Educação e Democratização da Mídia) relatando que desta já participam cinco partidos populares (PCdoB, PT, PDT, PSB, PR) que se reuniram em Brasília, no mês de março, para debater e organizar a contra-ofensiva às forças reacionárias e de direita que procuram atacar sistematicamente o governo Lula e sua base parlamentar.
Acesse o programa através deste link, http://br.youtube.com/watch?v=TE7x5bCKFbI
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Aumento de juros é desnecessário e nefasto ao crescimento
8 DE ABRIL DE 2008 - 15h31
O Banco Central, o setor financeiro, a grande mídia e forças políticas conservadoras preparam o ambiente para uma nova elevação da taxa de juros – armadilha que, se não for desarmada, repercutirá negativamente na trajetória de crescimento econômico patrocinada pelo governo Lula, e poderá provocar adiante uma crise no balanço de pagamentos do país. Não se trata de uma decisão corriqueira, ao contrário, é fundamental para definição dos rumos do país.
Por Renato Rabelo*
Em que pese os efeitos da crise econômica estadunidense, o momento econômico pelo qual passa o país é razoavelmente bom, de relativa estabilidade. O crescimento reapareceu mais forte em 2007, sustentado na elevação do investimento e do consumo doméstico, no aumento da produção industrial e agropecuária. A inflação apresenta índices moderados, compatíveis com o crescimento interno atingido e com os parâmetros internacionais.
Há um aumento significativo no consumo – de massas e produtivo – a partir dos aumentos reais do salário-mínimo, do crescimento da massa salarial, de maiores facilidades de crédito – onde o sistema público se destaca – e mesmo dos programas sociais do governo. O país tem atraído um bom volume de investimentos estrangeiros diretos. O PAC ganha agilidade e as obras do governo se multiplicam.
No plano externo, o Brasil firma uma via soberana de integração no mundo em transição em que vivemos. É uma rota que leva ao desenvolvimento do potencial energético e alimentar, à retomada industrial e ao aprofundando da integração regional.
Há, no entanto, preocupações sérias por parte do PCdoB e de outras forças progressistas em torno de problemas urgentes. Entre eles a luta entre dois caminhos no plano econômico – o desenvolvimento robusto, com crédito amplamente acessivel e distribuição de renda versus o crescimento econômico contido, sustentado por juros altos permenentes, em benefício dos rentistas e especuladores. Realidade que pressiona o governo do presidente Lula desde seu início e que volta a se manifestar com força. Este recrudescimento se dá no debate sobre análises de indicadores e tendências no quadro econômico atual, mas não se limita a isto. Incide mesmo sobre os rumos que o país deverá seguir em futuro próximo, envolvendo e preparando as eleições de 2010, refletindo interesses contrários.
Já há algum tempo o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) interrompeu a trajetória de queda da taxa de juros básica, a Selic, mantendo-a no patamar dos 11,25% ao ano. Agora, em seu Relatório da Inflação divulgado recentemente, o BC dá a entender que subirá os juros na reunião de 15 e 16 de abril. Sustenta haver pressões inflacionárias causadas pelo aumento do consumo sem a proporcional capacidade de produção da economia. Fiel à cartilha monetarista conservadora, conclui, então, pelo aumento dos juros.
Todavia, por um lado, dados da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) desmentem a argumentação do BC. Embora, sim, o consumo tenha crescido pelo crédito e pela melhora dos rendimentos, a capacidade não utilizada da indústria ainda varia entre 17 e 15%. Por outro lado, economistas de variadas tendências têm questionado os prognósticos do BC, como os professores Gonzaga Belluzzo e Delfim Netto. Argumentam não haver motivo para alarde, uma vez que a estimativa apontada para a inflação é 4.6%, enquanto o centro da meta fixada é de 4,5, diferença irrisória, portanto.
As taxas de juros brasileiras já se situam entre as maiores do mundo, o que tem provocado uma avalanche de dólares em direção ao Brasil – uma parte dos quais capital especulativo, de curto prazo. Diante disso, o governo se vê obrigado a comprar grandes quantias de divisa estadunidense para tentar conter a valorização do Real, diminuindo as pressões sobre o câmbio. Isto permite o aumento das reservas internacionais. Mas, ao mesmo tempo, resulta em fenômenos colaterais indesejáveis.
O primeiro deles é o reaparecimento dos déficits em conta corrente. O câmbio valorizado tem levado à diminuição dos superávits comerciais. Nos dois primeiros meses do ano em curso, o saldo comercial foi de US$ 1,8 bilhão, 67,1% menor que o de janeiro e fevereiro de 2007. Além disto, o crescimento nas remessas líquidas nas contas de serviços (juros, transportes) e rendas (lucros e dividendos) ajuda a cavar o buraco.
A conseqüência dessa dinâmica é o desequilíbrio do balanço de pagamentos do país. O BC já calcula para 2008 um déficit em transações correntes de 12 bilhões de dólares. O reaparecimento dessa tendência aponta a possibilidade de o Brasil ser exposto à vulnerabilidade externa, semelhante ao período do segundo governo FHC.
Uma outra questão relevante é o fato de a relação dívida/PIB manter-se alta. Mesmo com a considerável elevação do PIB, a dívida pública tem subido uma vez que ela, em boa medida, é indexada à Selic. Além disso, há uma quantidade crescente de títulos que o governo é obrigado a emitir para “esterilizar” o mercado, o que consiste em retirar de circulação os reais com os quais compra dólares.
E o terceiro fenômeno é que a elevação da taxa de juros propiciará um aumento ainda maior da especulação contra o Real. O mercado opera com o diferencial das taxas de juros externa e interna numa ponta e, noutra, aposta na valorização do Real ganhando com a compra de papéis garantidos por mecanismos da ciranda financeira.
Nesta questão é bom levar em conta opiniões como as de H. Flassbeck, atual economista-chefe da Unctad: “a valorização da moeda brasileira está sendo resultado não apenas dos bons fundamentos da economia do País, mas, principalmente, da entrada de capital externo em busca de ganhos com a taxa de juros (...) essa situação não é sustentável para as exportações brasileiras no médio prazo”.
Nessas circunstâncias, o BC – ao defender o aumento dos juros – revela a falsidade de sua proclamada “independência”. Expõe abertamente seus vínculos com os interesses do sistema financeiro, que é quem realmente dá a linha a ser seguida.
Em suma, o aumento dos juros agora, se efetivado, seria danoso e desnecessário. Seria um sinal para frear o desenvolvimento em curso, com seu cortejo de perdas sociais e políticas. Serviria apenas para favorecer o capital especulativo e, em perspectiva, para colocar em risco conquistas econômicas e sociais da gestão do presidente Lula. Tudo o que deseja a direita neoliberal para tentar reaver o governo da República em 2010.
Não há motivos, portanto, para o governo Lula se submeter a essa chantagem que prevê “ou juros astronômicos ou escalada inflacionária”. O dualismo do BC é, na verdade, uma armadilha para aprisionar o governo.
Por tais razões, o PCdoB, neste momento decisivo, explicita sua posição contrária à elevação da taxa de juros. E conclama as forças progressistas, e também os movimentos sociais, a se pronunciarem e se mobilizarem para tentar impedir que se concretize esse erro decorrente da pressão dos poderosos círculos financeiros. Do nosso ponto de vista, o desenvolvimento brasileiro requer juros mais baixos, medidas de proteção contra a especulação e um câmbio (contra o câmbio flexível absoluto) que ajude a manter o país no caminho da soberania, do crescimento e da distribuição de renda.
* Presidente nacional do PCdoB.
O Banco Central, o setor financeiro, a grande mídia e forças políticas conservadoras preparam o ambiente para uma nova elevação da taxa de juros – armadilha que, se não for desarmada, repercutirá negativamente na trajetória de crescimento econômico patrocinada pelo governo Lula, e poderá provocar adiante uma crise no balanço de pagamentos do país. Não se trata de uma decisão corriqueira, ao contrário, é fundamental para definição dos rumos do país.
Por Renato Rabelo*
Em que pese os efeitos da crise econômica estadunidense, o momento econômico pelo qual passa o país é razoavelmente bom, de relativa estabilidade. O crescimento reapareceu mais forte em 2007, sustentado na elevação do investimento e do consumo doméstico, no aumento da produção industrial e agropecuária. A inflação apresenta índices moderados, compatíveis com o crescimento interno atingido e com os parâmetros internacionais.
Há um aumento significativo no consumo – de massas e produtivo – a partir dos aumentos reais do salário-mínimo, do crescimento da massa salarial, de maiores facilidades de crédito – onde o sistema público se destaca – e mesmo dos programas sociais do governo. O país tem atraído um bom volume de investimentos estrangeiros diretos. O PAC ganha agilidade e as obras do governo se multiplicam.
No plano externo, o Brasil firma uma via soberana de integração no mundo em transição em que vivemos. É uma rota que leva ao desenvolvimento do potencial energético e alimentar, à retomada industrial e ao aprofundando da integração regional.
Há, no entanto, preocupações sérias por parte do PCdoB e de outras forças progressistas em torno de problemas urgentes. Entre eles a luta entre dois caminhos no plano econômico – o desenvolvimento robusto, com crédito amplamente acessivel e distribuição de renda versus o crescimento econômico contido, sustentado por juros altos permenentes, em benefício dos rentistas e especuladores. Realidade que pressiona o governo do presidente Lula desde seu início e que volta a se manifestar com força. Este recrudescimento se dá no debate sobre análises de indicadores e tendências no quadro econômico atual, mas não se limita a isto. Incide mesmo sobre os rumos que o país deverá seguir em futuro próximo, envolvendo e preparando as eleições de 2010, refletindo interesses contrários.
Já há algum tempo o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) interrompeu a trajetória de queda da taxa de juros básica, a Selic, mantendo-a no patamar dos 11,25% ao ano. Agora, em seu Relatório da Inflação divulgado recentemente, o BC dá a entender que subirá os juros na reunião de 15 e 16 de abril. Sustenta haver pressões inflacionárias causadas pelo aumento do consumo sem a proporcional capacidade de produção da economia. Fiel à cartilha monetarista conservadora, conclui, então, pelo aumento dos juros.
Todavia, por um lado, dados da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) desmentem a argumentação do BC. Embora, sim, o consumo tenha crescido pelo crédito e pela melhora dos rendimentos, a capacidade não utilizada da indústria ainda varia entre 17 e 15%. Por outro lado, economistas de variadas tendências têm questionado os prognósticos do BC, como os professores Gonzaga Belluzzo e Delfim Netto. Argumentam não haver motivo para alarde, uma vez que a estimativa apontada para a inflação é 4.6%, enquanto o centro da meta fixada é de 4,5, diferença irrisória, portanto.
As taxas de juros brasileiras já se situam entre as maiores do mundo, o que tem provocado uma avalanche de dólares em direção ao Brasil – uma parte dos quais capital especulativo, de curto prazo. Diante disso, o governo se vê obrigado a comprar grandes quantias de divisa estadunidense para tentar conter a valorização do Real, diminuindo as pressões sobre o câmbio. Isto permite o aumento das reservas internacionais. Mas, ao mesmo tempo, resulta em fenômenos colaterais indesejáveis.
O primeiro deles é o reaparecimento dos déficits em conta corrente. O câmbio valorizado tem levado à diminuição dos superávits comerciais. Nos dois primeiros meses do ano em curso, o saldo comercial foi de US$ 1,8 bilhão, 67,1% menor que o de janeiro e fevereiro de 2007. Além disto, o crescimento nas remessas líquidas nas contas de serviços (juros, transportes) e rendas (lucros e dividendos) ajuda a cavar o buraco.
A conseqüência dessa dinâmica é o desequilíbrio do balanço de pagamentos do país. O BC já calcula para 2008 um déficit em transações correntes de 12 bilhões de dólares. O reaparecimento dessa tendência aponta a possibilidade de o Brasil ser exposto à vulnerabilidade externa, semelhante ao período do segundo governo FHC.
Uma outra questão relevante é o fato de a relação dívida/PIB manter-se alta. Mesmo com a considerável elevação do PIB, a dívida pública tem subido uma vez que ela, em boa medida, é indexada à Selic. Além disso, há uma quantidade crescente de títulos que o governo é obrigado a emitir para “esterilizar” o mercado, o que consiste em retirar de circulação os reais com os quais compra dólares.
E o terceiro fenômeno é que a elevação da taxa de juros propiciará um aumento ainda maior da especulação contra o Real. O mercado opera com o diferencial das taxas de juros externa e interna numa ponta e, noutra, aposta na valorização do Real ganhando com a compra de papéis garantidos por mecanismos da ciranda financeira.
Nesta questão é bom levar em conta opiniões como as de H. Flassbeck, atual economista-chefe da Unctad: “a valorização da moeda brasileira está sendo resultado não apenas dos bons fundamentos da economia do País, mas, principalmente, da entrada de capital externo em busca de ganhos com a taxa de juros (...) essa situação não é sustentável para as exportações brasileiras no médio prazo”.
Nessas circunstâncias, o BC – ao defender o aumento dos juros – revela a falsidade de sua proclamada “independência”. Expõe abertamente seus vínculos com os interesses do sistema financeiro, que é quem realmente dá a linha a ser seguida.
Em suma, o aumento dos juros agora, se efetivado, seria danoso e desnecessário. Seria um sinal para frear o desenvolvimento em curso, com seu cortejo de perdas sociais e políticas. Serviria apenas para favorecer o capital especulativo e, em perspectiva, para colocar em risco conquistas econômicas e sociais da gestão do presidente Lula. Tudo o que deseja a direita neoliberal para tentar reaver o governo da República em 2010.
Não há motivos, portanto, para o governo Lula se submeter a essa chantagem que prevê “ou juros astronômicos ou escalada inflacionária”. O dualismo do BC é, na verdade, uma armadilha para aprisionar o governo.
Por tais razões, o PCdoB, neste momento decisivo, explicita sua posição contrária à elevação da taxa de juros. E conclama as forças progressistas, e também os movimentos sociais, a se pronunciarem e se mobilizarem para tentar impedir que se concretize esse erro decorrente da pressão dos poderosos círculos financeiros. Do nosso ponto de vista, o desenvolvimento brasileiro requer juros mais baixos, medidas de proteção contra a especulação e um câmbio (contra o câmbio flexível absoluto) que ajude a manter o país no caminho da soberania, do crescimento e da distribuição de renda.
* Presidente nacional do PCdoB.
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