30 DE JUNHO DE 2008 - 16h05
Nestas eleições de base, quando são escolhidos os prefeitos e vereadores de todos os municípios do país, uma tendência despolitizante aparece com força propalando a falácia de que os problemas das cidades não têm nada a ver com as questões nacionais, ou mesmo com plataformas programáticas. Verbalizou esta tese batida, neste final de semana, o candidato a prefeito da capital paulista pelo PSDB, Geraldo Alckmin, quando disse que ''não tenho esta preocupação de perder ou ganhar votos discutindo questões nacionais''. Esta visão é equivocada pois desconhece que, numa federação como é o Brasil, as políticas públicas decididas em âmbito nacional têm reflexo direto na situação dos municípios. No período em que vigorou a orientação neoliberal no país, especialmente durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a política era a de rebaixar ao máximo o papel do Estado na sociedade brasileira, e esta linha econômica, política e administrativa levou --, contraditoriamente-- a uma total dependência dos que vivem nas cidades das decisões tomadas em Brasília.
A história da maioria dos partidos políticos no Brasil, por outro lado, é marcada pelo regionalismo e pelo caciquismo, que privilegia o personalismo de lideranças locais. Partidos nacionais, com plataforma programática definida para todo o país, filosoficamente situado no espectro do pensamento político moderno, é uma raridade no quadro político brasileiro. Um desses casos raros é a história do Partido Comunista do Brasil, fundado em 1922, e que neste ano se lançou em todos os estados com sua fisionomia própria, apresentando soluções e propostas para as cidades e candidatos com prestígio popular dispostos a colocar em prática esta plataforma. Mas, ao mesmo tempo, o partido se preocupou em construir alianças amplas a partir do núcleo de esquerda que faz parte da sustentação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi assim que neste último ano o PCdoB se esforçou por amalgamar o chamado Bloco de Esquerda, do qual participam também o PSB, o PDT e o PRB, principalmente. O trabalho permanente – e coletivo destes partidos – permitiu a união destas forças no centro mais importante do país, em São Paulo, onde a esquerda uniu-se em torno da candidatura de Marta Suplicy (PT), tendo como vice o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB).
Em várias outras capitais, foi também possível construir alianças amplas, como os casos de Aracaju, Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís, Goiânia e João Pessoa. Em outras capitais, acabou prevalecendo a pulverização, como foi no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis e mesmo em Porto Alegre. Nesta fase, as candidaturas buscarão o apoio popular para suas propostas, e na medida em que possam estar no segundo turno, uma nova oportunidade de unificação poderá se apresentar para a batalha final.
É preciso registrar, no entanto, que o esforço de unidade, mais uma vez, partiu das agremiações que hoje integram o Bloco de Esquerda -- com o papel revelante do Presidente da República no final do processo de convenções -- e não diretamente do PT, ainda contaminado por forte tendência hegemonista. Prova disto é o fato do Partido dos Trabalhadores ter lançado candidatos próprios em 20 capitais. É o partido que mais lançou candidatos próprios e alguns deles com poucas chances de vitória.
Mas, ainda assim, um primeiro balanço do mapa eleitoral desenhado pelas convenções partidárias deste final de semana aponta para um desfecho promissor para as forças políticas que apóiam o projeto de desenvolvimento nacional e de transformação social que o Brasil está experimentando com o governo Lula.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
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