16 DE MARÇO DE 2008 - 18h05
Líderes de cinco centrais sindicais e representantes de sindicatos e outras organizações da sociedade civil permanecerão no período da tarde reunidos na Praça Alencastro, no Centro, onde coletam assinaturas para o abaixo-assinado em favor da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 393, que reduz de 40 para 44 horas a jornada de trabalho para todas as categorias profissionais. Esta tarde, a manifestação contará com a participação dos professores da rede pública estadual, que decretaram greve hoje.
Nara Teixeira, coordenadora da CTB em Mato Grosso, fala no Ato
O lançamento da campanha "Reduzir a jornada de trabalho é gerar empregos" aconteceu no final da manhã de hoje (14), e mobilizou milhares de trabalhadores que passavam pela praça. Muitos deixaram sua assinatura no abaixo-assinado, que será encaminhado no dia 1º de Maio ao Congresso Nacional e à Presidência da República, pedindo urgência na aprovação da PEC, de autoria dos deputados Inácio Arruda (PCdoB) e Paulo Paim (PT). Segundo dados de 2005, o custo da mão-de-obra brasileira é 5,8 vezes menor do que a norte-americana e seis vezes menor que a francesa. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) aponta que a jornada de trabalho no Brasil é superior a países como a Alemanha, que é de 40,3 horas; a Espanha, de 35 horas; e o Japão, onde se trabalha 42 horas por semana. "Estes dados por si só desmentem a alegação dos empresários de que a redução de jornada traria prejuízo à competitividade dos nossos produtos no mercado internacional", aponta o panfleto distribuído pelo movimento.Dados do Dieese ((Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos) apontam que a redução da jornada geraria em média 2.2 milhões de novos postos de trabalho. É o que apontam os sindicalistas, cujos principais argumentos são a geração de emprego e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador, que passaria a ter mais tempo para o lazer. "Essa redução fará uma grande diferença para os trabalhadores, que terão mais tempo para a saúde, mas também ajudará os milhões de desempregados que temos no País", explicou a coordenadora estadual da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Nara Teixeira.
Outra vantagem da redução da jornada seria a diminuição dos gastos da Previdência Social, onde o equivalente a 4% do PIB (Produto Interno Bruto) é gasto com trabalhadores vítimas de doenças ocupacionais ou acidentes de trabalho. "O trabalhador acaba se aposentando precocemente também, o que aumenta ainda mais os gastos permanentes da Previdência", comentou o secretário de Políticas Sociais da CUT, João Luiz Dourado.Os vigilantes em greve se reuniram ao movimento. Para o profissional do setor Cleudimar Ferreira, a redução na jornada trará melhoria na qualidade de vida. "A gente poderá descansar um pouco porque o nosso trabalho é muito puxado, e dar emprego para os outros que estão precisando", disse ele.A Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Nova Central Sindical (NCS), a Força Sindical (FS), a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) organizaram o evento, que seguirá até o final da tarde de hoje. Para o secretário de Juventude da Força Sindical, Edner Ferreira Rodrigues, com a redução haverá mais tempo para o trabalhador. "Teremos mais um dia livre para nos dedicarmos ao lazer familiar e cuidar de coisas da casa, como o pagamento de contas, por exemplo", disse ele, que é metalúrgico, categoria que conta com cerca de quatro mil profissionais no Estado.O presidente da Nova Central Sindical, Divino Braga, ressaltou que a mobilização na praça serve somente para marcar a data, mas que a coleta de assinaturas segue a todo vapor nos sindicatos. "Os trabalhadores estão esclarecidos, querem mais postos de trabalho. O setor do turismo, onde trabalho, por exemplo, é marcado pelo trabalho informal. Com a redução da jornada, com certeza haverá muitas efetivações", disse ele.Servidores públicos também compareceram à praça para se esclarecer sobre a proposta. Um deles foi Paulo Benevides, servidor do Estado. "Vim mais por causa dos meus parentes, para conhecer melhor a proposta. Tenho irmãos que vão precisar de emprego. Por isso assinei o abaixo-assinado".
Lideranças
"O trabalhador tem que ser respeitado, ele não é escravo. Tem que ter horário para tudo, assim como para o descanso". A opinião é do líder comunitário Carlito Cruz, que também assinou o documento. Durante toda a manhã, trabalhadores compareceram às barracas montadas pelas centrais para a coleta de assinaturas. "Estou desempregado, mas quando estava trabalhando não tinha sábado nem domingo, trabalhava direto. Se houver a redução da jornada, teremos mais descanso", disse o operador de máquinas Roberto Santana de Oliveira.O evento contou também com a participação do vereador Dilemário Alencar, que manifestou seu apoio ao movimento, e do presidente estadual do Partido Comunista do Brasil (PC do B), Miranda Muniz. "Esta manifestação é um marco histórico no movimento sindical, pois reuniu todas as entidades com um só objetivo. As 44 horas semanais foram instituídas pela Constituição de 1988. Depois de 20 anos, a tecnologia avançou, e hoje é possível produzir a mais bens no mesmo período de tempo, o que torna possível a redução da jornada", disse Miranda.
Por Neusa Baptista, Jornalista
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